O meu pai entrou em casa, alegre e
triunfante, erguendo uma pequena bola de pelo no ar. Ficamos estarrecidos,
profundamente comovidos com aquela revelação! O senhor que sempre tinha
proibido animais em casa, entrava surpreendentemente feliz com aquele cachorro ainda
bebé e que despertava um afeto inusitado no meu pai.
Na minha mãe e avó, as reações não surpreendiam.
Viam subitamente desperto o instinto maternal, ainda que de um animal se
tratasse. “Ai que fofura! Que delícia!
Que amor!”, diziam, com ar enlevado
de mães que acolhem pela primeira vez o neófito no regaço, invadidas por uma
emoção pungente e que habitualmente causava algumas náuseas a meu pai, por não
suportar que se tratasse os bichos da mesma forma que se trata um ser humano.“
Um bicho é um bicho, não é uma pessoa. Cada macaco no seu galho! Se têm
animais, tratem-nos condignamente, mas não façam deles pessoas!” Lembro-me dessas
palavras ríspidas e de achar que o meu pai era demasiado severo e intolerante
em relação ao fiel amigo do homem ou de qualquer outra espécie animal.
Era um homem alto e espadaúdo, de
ar demasiado austero, mas que às vezes amenizava com um sorriso quase
impercetível, quando me ouvia dizer alguma parvoíce a que achava graça. Havia
regras das quais o meu pai não abdicava: o jantar era servido às vinte; às
vinte e uma e trinta, eu deveria estar na cama, pronto para dormir, depois do
beijo que sempre me dava, aconchegando-me e fazendo-me sentir mais confortável
e seguro na imensa escuridão que me abraçava e embalava até conseguir dormir.
O papá achava que eu devia
habituar-me a dormir sozinho e no escuro desde cedo para não me tornar, dizia
ele, “num desses miúdos exageradamente mimados e facilmente melindráveis.”
Queria que fosse uma criança “audaz, saudável e autónoma”. Não percebia nada do
que ele queria dizer com aquelas palavras estranhas cujo significado ignorava.
Mas intuía que o meu pai pretendia tornar-me num homem forte como ele. Era
assim que eu o via. O meu herói que nada temia e que de tudo me podia proteger.
Por entender assim, nunca discutia as ordens do papá. Se as dava, esperava que
fossem cumpridas. Por isso e porque tal atrevimento poderia custar-me um par de
tabefes. E eu, ainda que me custasse admitir, estava longe de ter a coragem do
meu pai, pelo contrário. Se me falava em tom mais exaltado e me crispava o
olhar, não conseguia reagir, acobardava-me na minha fragilidade que tentava
esconder a todo custo, com medo de o desapontar. E assim fui crescendo,
procurando encontrar um equilíbrio entre a minha timidez, reserva e falta de
arrojo e a vontade de os superar.
A chegada de meu pai com o
cachorrinho espantou a casa que ficou boquiaberta perante o ímpeto afetuoso do
papá para com o bichinho que, de olhar astuto e vivo, perscrutava o seu novo
lar e novos donos.
- Onde arranjaste o cachorro? –
Quis saber a minha mãe.
O papá explicou que quando vinha a
caminho de casa, teve de fazer uma travagem brusca para não atropelar o cãozito
que se enrolava sobre si próprio, no meio da estrada. Recolheu-o. O bicho
tremia de medo e só se acalmou quando percebeu que o papá não lhe iria fazer
mal. Estava magoado numa pata. O papá tentou encontrar o seu dono na
vizinhança, mas parece que ninguém sabia a quem pertencia o animal. O meu pai
não teve coragem de o abandonar à sua sorte. Podia não ter uma predileção
especial pela bicharada, mas também não gostava de os ver maltratados. Pelos
vistos, o meu pai conquistou rapidamente a confiança do cachorrinho que se
sentia já muito cómodo e tranquilo no seu regaço. O pai já o tinha levado ao
veterinário e a sua patita já estava ligada e, em breve, estaria boa.
- Papá, vamos mesmo ficar com o
cãozinho? – Perguntei ainda incrédulo.
- Sim, Miguel. Podes considerá-lo
teu.
- Então, tenho que pensar num nome
para lhe dar…
- Melchior. – Atirou o meu pai
abruptamente.
- Melchior? Melchior não é nome de
cão! - Reclamei.
Fiquei a pensar que o meu pai
tinha alguma coisa contra o Rei Mago! Era o único Melchior que conhecia e era
um nome bem feio!
- Melchior. - Repetiu o meu pai.
Tem a grandeza de um rei e, em simultâneo, a humildade de um pastor que se
curva perante o salvador.
E assim ficou batizado o cão. Sem
grandes cerimónias e, sobretudo, sem discussões inócuas em torno do seu nome.
O meu pai tinha razão. Melchior
revelar-se-ia grande e honrado, como um rei, pai de todos os súbditos, apesar
de ser apenas um modesto rafeiro. O papá dizia que o Melchior não tinha raça,
porque todos os grandes homens são humildes, mesmo os de origem nobre. Aqueles
que são verdadeiramente grandiosos são humildes e simples no coração e na alma.
E o cão, que tinha todo o ar de quem iria fazer grandes coisas, dispensava o
“pedigree”, a importância da raça. Subiria a pulso, pela sua força e lisura de
caráter.
A partir desse dia, Melchior
tornou-se no meu inseparável e mais fiel companheiro.
Nos primeiros meses de vida, Melchior
exasperava os mais pacientes. A mínima distração era fatal. Se alguém deixasse
inoportunamente um chinelo ou sapato fora do seu lugar, era certo que ele arranjaria
forma de o apanhar e roer. Esse hábito irritava profundamente meu pai que dizia
que apesar de não ser um pobre miserável, também não podia gastar dinheiro à
toa e desde que acolhera aquele rafeirito endiabrado, as compras de calçado
tinham aumentado substancialmente, lá em casa.
À medida que ia crescendo, Melchior
tornava-se mais forte e fazia vincar a sua personalidade. Era teimoso e
obstinado como ninguém, capaz de enfrentar até o papá, a quem era suposto
obedecer. Certa altura, o cão queria ir passear, gastar a energia que se lhe
acumulava no corpo até lhe ser insuportável aguentar, por lhe parecer que iria
explodir se não a libertasse naquele exato momento. Meu pai não sabia que um
animal podia sentir as coisas daquela forma e achava que os bichos não tinham
vontade própria e, portanto, iria para o seu treino diário, quando fosse mais
oportuno para o seu dono. Melchior assim não o entendeu e, contrariando as
ordens do dono, conseguiu soltar-se e vaguear pelos montes das redondezas
durante o tempo que lhe aprouve. Tal atitude custou-lhe uns belos açoites para
ele aprender, como dizia o papá, “quem mandava lá em casa.” Malogradamente, o
cachorro parecia não aprender com os erros, pois numa outra oportunidade, fez
exatamente a mesma coisa, sem temer a chibata vigorosa do seu dono. Eu assistia
aos castigos contrito, com vontade de fazer parar o braço do meu pai, mas incapaz
de mexer um músculo que fosse. Permanecia impávido, invadido pelo temor e
piedade e fechava os olhos, estremecendo, de cada vez que sentia o chicote
fustigar o lombo luzidio de Melchior.
Assim que meu pai se afastava, eu
corria a abraçar o cão como que a lamber-lhe as feridas, tentando incutir-lhe
algum juízo. Explicava-lhe que não deveria desobedecer ao papá. Ele olhava-me
ternurento e pregava-me uma lambidela, seguida de um belo latido, como quem diz
um obrigado. Parecia não se importar com os castigos e também não guardava
rancor ao papá, porque pouco depois andava à sua roda, batendo-lhe com a cauda
nas pernas, até conseguir uma festa no dorso e a célebre frase, de todos já
conhecida: “pronto, Melchior, já te desculpei, mas que não se repita!”
O cão conquistou-nos muito
facilmente com o seu comportamento pouco ortodoxo para canídeo, mas muito
humano!
Recordo que uma vez caí mal, numa
brincadeira inofensiva de criança e fiz uma entorse de alguma gravidade no
tornozelo que me custou ter o pé engessado durante alguns dias. O médico
insistira com os meus pais para não me deixarem apoiar no pé lesionado, assim,
a forma que eles encontraram de me fazer seguir essas recomendações à risca, foi
obrigarem-me a passar esses dias deitado ou sentado numa cadeira de braços, reclinável.
Esse triste episódio trouxe-me algo de positivo: a autorização justificadíssima
para faltar à escola e as visitas surpresa e à socapa do Melchior. Sentindo a
minha ausência, não parava de ladrar. Tiveram mesmo que lhe permitir a entrada
na sala para me fazer uma visita de cortesia. Assim que me viu, ganiu, abanou a
cauda e veio dar-me umas marradinhas de consolação na coxa. A partir desse dia,
nunca mais pediu permissão. Arranjou forma de conseguir entrar sem ser
convidado, para me fazer companhia até que alguém desse pela sua presença,
sendo, então, obrigado a sair. Mas partia contrafeito, de rabo entre as pernas
e a ladrar como quem protesta. Pobre Melchior! Pena que não soubesse para que
servem os sindicatos!
Um outro momento de partilha me
ficaria para sempre gravado na memória… foi esse o ponto de viragem na minha
essência. Melchior tinha por hábito ir visitar-me à escola. Andava eu na
primária. A escola era um edifício já velho, de madeira, com muitas histórias
guardadas em cada uma das suas vetustas e sábias tábuas. Numa dessas incursões
de Melchior, durante o recreio, dois dos meus colegas foram agredidos com
alguma violência e de forma gratuita pelo matulão do quarto ano que batia em
todos, aleatoriamente, como forma de aliviar a sua frustração de repetente,
pelo segundo ano consecutivo. Sentindo-se diminuído e humilhado pela fraca
prestação nas matérias, exibia livremente a sua força hercúlea, desferindo,
numa altivez repugnante e sancionável, golpes sucessivos sobre os mais fracos.
Eu e Melchior tínhamos visto tudo. O gigante aproximara-se dos que a seus olhos
eram raquíticos e que sem terem qualquer atitude provocatória, se viram
espancados, do nada. Chegados à sala de aula, a professora quis saber o que se tinha
passado e como explicavam os olhos negros. A professora estava a pensar que se
tinham pegado um com o outro e começava a ficar irada, até que um deles
conseguiu balbuciar o nome do culpado: foi o Toni do quarto ano que nos bateu,
mas nós não lhe fizemos nada!
A professora foi imediatamente à
sala do lado chamar o burgesso do Toni para fazer a careação dos factos. Quando
chegou, o Toni tentou minimizar a sua responsabilidade, alegando que os outros
lhe tinham chamado nomes e que ele se enervara e, por isso, tinha perdido a
cabeça. Os meus colegas garantiam que não o tinham insultado, mas era a palavra
de uns contra a do outro. A professora ficou indecisa. Sabia que teria de
castigar o Toni pela brutalidade, mas não sabia o que fazer com os outros dois…
Eu tinha visto e podia ajudar a
esclarecer tudo, mas o medo impedia-me. Cabisbaixo e envergonhado pela minha
falta de ousadia, comecei a sentir o Melchior a empurrar-me, como que a querer
obrigar-me a falar. A professora, que simpatizava com o rafeiro, deixava-o
assistir à aula, a meu lado, aninhado a meus pés.
O cão tanto insistiu que, embora o
medo das retaliações fosse enorme, consegui levantar o dedo e contar o que
sabia. Pela primeira vez, consegui superar a minha cobardia e dar voz ao meu
sentido apurado de justiça. Esta seria a primeira de muitas outras situações em
que conseguiria ser corajoso, tal como Melchior, tal como o meu pai.
O matulão jurou-me vingança, mas
eu tinha o meu melhor amigo para me defender…
Nesse dia, cheguei a casa com ar
triunfante. A primeira pessoa que me viu foi a minha avó. Olhou-me fixamente e
lançou repentinamente a pergunta:
- Viste passarinho novo, Miguel?
Não te cabe um feijão galego no rabo!
A minha avó queria saber o que tinha
acontecido para estar com um ar tão feliz. Quando lhe contei a minha conquista,
a minha primeira vitória, a avó disse apenas, com toda a sabedoria que a idade
lhe conferia:
- Parabéns. O corajoso não é
aquele que nunca sente medo, mas aquele que sentindo-o, é capaz de o enfrentar.
Foi o que fizeste hoje.
Estas palavras ficaram gravadas a
fogo na minha memória e ao longo da minha vida, em diferentes circunstâncias,
me haveria de lembrar delas e a elas recorrer, como forma de me obrigar a
superar a mim próprio.
E a minha infância e primeiros
anos de puberdade foram passando, com altos e baixos, feitos de aprendizagem,
enganos, correções e, algumas vezes, atitudes acertadas. Sempre com o fiel
companheiro, Melchior.
Os anos iam passando e, quando de
repente me surpreendi no espelho e para lá dirigi um olhar mais atento, vi os
meus traços e fiquei surpreendido. O tempo passou por mim sem que me desse
conta. Era já um jovenzinho, com alguns planos e vontade de os concretizar. O
que ainda desconhecia é que a vida de qualquer ser nem sempre é o que ele
deseja. Atrevo-me a alvitrar que na maioria das vezes é fruto das circunstâncias
com que alguém se depara e que a felicidade de cada um depende da sua
capacidade de adaptação aos novos contextos. É preciso saber correr dentro da
vida e não ocupar a posição de mero espetador, com saudade do que passou ou
esperanças infundadas do que possa vir a ser.
Num desses anos, as marcas deixadas
pelo tempo no Melchior tornaram-se mais evidentes. Quase não via, cegueira
provocada pela diabetes que à viva força e irremediavelmente tentávamos
contrariar. Melchior era muito teimoso! Tínhamos que estar muito atentos
porque, apesar da doença crónica, não largava a fruta que caía das árvores como
uma dádiva de Deus e à qual não resistia.
E como a folha que amarelece no
Outono e cujo caule, devagarinho, impercetivelmente, se vai desprendendo do
ramo até cair inadvertidamente no chão para que possa ser levada pelo vento que
passa e pousar noutro lado qualquer e se transformar em húmus, dando o seu
contributo final à vida e ao mundo, também Melchior ia perdendo forças e se
tornava cada vez mais trôpego, numa lassidão transformada em preguiça
indolente. O bicho já não tinha disponibilidade para certas correrias e
pressas. Tal como o papá, o tempo foi-lhe amaciando o caráter, quebrando-lhe o
ímpeto e a teimosia. O tempo… esse grande ladrão da juventude, que só é
desculpável, porque compensa a perda da agilidade com a sabedoria e a experiência.
Tinha chegado o inverno da vida
para Melchior. Lamentavelmente, ninguém foi capaz de me explicar, talvez porque
não soubesse exatamente como fazê-lo. Só anos mais tarde soube que naquela
fatídica tarde, o Melchior foi abatido. O meu pai teve que escolher entre
permitir-lhe um último sopro de vida digno, quase indolor, autorizar que fosse
levado enquanto dormia, embalado pelo sonho do repouso tranquilo daqueles que
sabem ter cumprido o seu papel ou ceder à tentação de o manter um pouco mais
entre a família, sem qualidade de vida e a sofrer. A sua artrose era atroz. O
seu gemido, enquanto se arrastava vagarosamente, soava-nos a brados infernais.
Melchior soube perceber e agradeceu a opção do papá.
Era uma sexta, num dia gélido de
janeiro. A carrinha do veterinário parou à nossa porta. O papá tinha-me explicado
que o cão precisava de cuidados que não lhe podíamos oferecer e que, por isso,
tínhamos que o deixar ir para onde pudesse ter tudo o que precisasse. Sabia que
era penoso, sobretudo para mim, mas que não podíamos ser egoístas. Tudo pelo Melchior,
ainda que nos sentíssemos sufocar. Não quis acreditar. Abracei-me ao seu
pescoço sem o poder largar. Sentia que me fugia o chão e o olhar se toldava
pelas lágrimas que me corriam sem que as pudesse conter. Melchior, como era seu
hábito, esfregava a cabeça nas minhas pernas para me consolar. Quando o
veterinário chegou, não foi capaz de fazer com que o animal o seguisse. De
seguida, tentou o papá, mas o resultado foi o mesmo. Melchior fitava-me, como
que a pedir que o levasse. Olhei-o e disse-lhe que não era capaz, por não suportar
separar-me dele. Ele continuou a fitar-me e latiu. Acabei por aceder ao seu
pedido e mal lhe segurei a trela, pôs-se em marcha. Quando entrou na carrinha,
olhou-me, deu-me a última marrada, latiu e abanou o rabo. Fugi a correr sem destino.
Precisava de ar, muito ar, para conseguir respirar. Ao fim de algumas horas, já
mais calmo e muito sisudo, eu entrei em casa.
Durante o jantar, o ambiente foi
pesado. A família encontrava-se embrulhada numa mudez surda. Ninguém conseguia
falar ou ouvir o que quer que fosse, para além dos seus próprios pensamentos. E
estes eram muito difíceis de suportar.
Para amenizar o meu estado de
espírito, o meu pai comunicou que iria procurar outro cão e que poderia começar
a pensar num bom nome para ele. Nem o deixei terminar. Levantei-me
agressivamente, fixei-o e num tom seco e desafiador, limitei-me a dizer:
- Não. Nunca mais quero outro cão.
Já bastou ter traído a confiança de um. Levantei-me e saí da mesa, sem pedir
permissão.
O meu pai ficou pasmo e sem reação.
Era a primeira vez que o enfrentava e contrariava dessa forma ostensiva que
chegou a raiar a insolência, como quem o castiga por uma culpa que não teve.
Deve ter compreendido a imensa dor
que a perda do Melchior me causava, caso contrário, o castigo seria severo.
Curiosamente, pareceu-me ler-lhe alguma satisfação pela minha audácia.
A partir desse dia, sempre que
falhava por cobardia, por incapacidade de ser mais assertivo, era surpreendido
pela expressão de Melchior e o seu último latido. Invariavelmente, sentia que
tinha traído a sua confiança e sentia-me miseravelmente. Condenava-me pela
minha omissão. Deveria ter impedido essa última viagem do meu amigo, mas não o
fiz e agora não me conseguia perdoar.
A família começava a preocupar-se
com o meu estado e acabaria por ser a minha avó a conseguir arrancar-me dessa
letargia aflitiva. Um dia, disse-me que não deveria culpar-me, mas ficar de
consciência tranquila por ter cumprido o meu dever, ainda que essa decisão e o
resultado dela fossem muito difíceis. Explicou-me que evitei o sofrimento
agonizante que acabaria, de qualquer forma, na morte do meu fiel amigo.
Acrescentou também que se o Melchior quis que fosse eu a levá-lo, porque se
recusou a sair com outros, foi para me agradecer e não recriminar. O olhar fixo
que me lançava não era para me chamar Judas, mas antes para me agradecer todos
os momentos partilhados e essa última prova de amor que lhe dava.
“Tu não o traíste, Miguel, ao
invés, salvaste-o. Ele não fixou Judas, mas antes o seu salvador.” – Confidenciou-me
a minha avó, na sua infinita sabedoria.
Morreu digno como um rei, o meu Melchior!
Depois de pensar nas palavras da minha avó concluí que ela estava certa e serenei.
Nina M.
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