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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 65


            Há homens que confundem o ser com o ter, o caráter com riqueza, o que me deixa, invariavelmente, desconcertada. Ostentam ufanamente a riqueza feita do vil metal e descoram o que verdadeiramente importa. Exibem, inchados de presunção tola, a marca da moda, a mais cara, preferencialmente, e orgulham-se da potência do novo motor acabadinho de comprar, como quem acabou de realizar um grande feito!
Desconfio que estes seres veem no bólide a extensão do seu próprio falo que gostariam de ver sempre em riste, como se disso dependesse toda a sua masculinidade! Trocam a coluna vertebral pela falsa ideia de que o valor do homem reside na dimensão das suas partes honrosas. Na realidade, é um sítio bem estranho para se guardar a honra!
Estes exemplares também gostam de exibir belas mulheres a seu lado, metáfora do seu sucesso másculo que o burguesismo balofo sempre promove. Assim, o automóvel topo de gama e a loira platinada são a prova da sua ascensão social, do sucesso com que tentam ofuscar os seus congéneres e concorrentes. Muitas vezes, a mulher que expõem, na realidade, não é uma companhia cúmplice, mas antes uma peça decorativa para fazer bonito.
Homens assim não arranjam companheiras, satisfazem-se com marionetas frouxas que foram criadas para a arte da subserviência como forma de extorsão e não para a espirituosidade. Homens assim são fracos, porque não ombreiam orgulhosamente com a fêmea que escolheram para esposa, gostam de se sentir superiores e num desespero brutal que lhes invade a alma e lhes murmura o segredo da igualdade, optam por alguém que se prontifica ao sacrifício da abnegação da sua identidade, em prol do conforto e do luxo. Talvez não possa ser de outra maneira, porque não é todo o homem que merece uma mulher de génio e esta não aceita apagar-se em nome de uma virilidade oca e bafienta…
 Nem todo o homem tem o caráter que uma verdadeira mulher lhe exige e, por isso, quando confrontados com alguém desta estirpe, uns acobardam-se e fogem, outros nem se aproximam em ânsias da rejeição e outros são tão débeis e inseguros que não conseguem abandonar o sentimento de inferioridade e jogam pelo seguro, procurando um elo mais fraco. Dita a propagação da espécie que sobrevivam realmente os mais fortes e arrojados, os que buscam a beleza e intelecto sem preconceitos, os que querem parceiras de vida capazes e bem-sucedidas e que por elas sentem um orgulho infindável…
Dada a delicadeza do assunto, não raras vezes, se veem mulheres incríveis e sós, porque sabem que mais vale ser-se só do que mal acompanhada, porque pressentem a cobardia masculina antes que esta se manifeste.
Aos poucos, mas bons exemplares que ainda existem, e a quem se lhes exige apenas carácter e dignidade podem vir a pé e nus, mas de coração cheio, porque sempre encontrarão uma mulher de boa vontade!
Nina M.






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