Há
homens que confundem o ser com o ter, o caráter com riqueza, o que me deixa,
invariavelmente, desconcertada. Ostentam ufanamente a riqueza feita do vil
metal e descoram o que verdadeiramente importa. Exibem, inchados de presunção
tola, a marca da moda, a mais cara, preferencialmente, e orgulham-se da
potência do novo motor acabadinho de comprar, como quem acabou de realizar um
grande feito!
Desconfio que estes seres veem no bólide
a extensão do seu próprio falo que gostariam de ver sempre em riste, como se
disso dependesse toda a sua masculinidade! Trocam a coluna vertebral pela falsa
ideia de que o valor do homem reside na dimensão das suas partes honrosas. Na
realidade, é um sítio bem estranho para se guardar a honra!
Estes exemplares também gostam de exibir
belas mulheres a seu lado, metáfora do seu sucesso másculo que o burguesismo
balofo sempre promove. Assim, o automóvel topo de gama e a loira platinada são
a prova da sua ascensão social, do sucesso com que tentam ofuscar os seus
congéneres e concorrentes. Muitas vezes, a mulher que expõem, na realidade, não
é uma companhia cúmplice, mas antes uma peça decorativa para fazer bonito.
Homens assim não arranjam companheiras,
satisfazem-se com marionetas frouxas que foram criadas para a arte da
subserviência como forma de extorsão e não para a espirituosidade. Homens assim
são fracos, porque não ombreiam orgulhosamente com a fêmea que escolheram para
esposa, gostam de se sentir superiores e num desespero brutal que lhes invade a
alma e lhes murmura o segredo da igualdade, optam por alguém que se prontifica
ao sacrifício da abnegação da sua identidade, em prol do conforto e do luxo.
Talvez não possa ser de outra maneira, porque não é todo o homem que merece uma
mulher de génio e esta não aceita apagar-se em nome de uma virilidade oca e
bafienta…
Nem todo o homem tem o caráter que uma
verdadeira mulher lhe exige e, por isso, quando confrontados com alguém desta
estirpe, uns acobardam-se e fogem, outros nem se aproximam em ânsias da
rejeição e outros são tão débeis e inseguros que não conseguem abandonar o
sentimento de inferioridade e jogam pelo seguro, procurando um elo mais fraco.
Dita a propagação da espécie que sobrevivam realmente os mais fortes e
arrojados, os que buscam a beleza e intelecto sem preconceitos, os que querem
parceiras de vida capazes e bem-sucedidas e que por elas sentem um orgulho
infindável…
Dada a delicadeza do assunto, não raras
vezes, se veem mulheres incríveis e sós, porque sabem que mais vale ser-se só
do que mal acompanhada, porque pressentem a cobardia masculina antes que esta
se manifeste.
Aos poucos, mas bons exemplares que
ainda existem, e a quem se lhes exige apenas carácter e dignidade podem vir a
pé e nus, mas de coração cheio, porque sempre encontrarão uma mulher de boa
vontade!
Nina M.
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