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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 12



Escrevo aliviada. Um alívio que vem das entranhas e limpa a irritação que nos devora a alma, pela sensação de injustiça que se parecia adivinhar. Sempre lidei mal com a injustiça. Custa-me aceitar. O injustiçado sente a sua alma romper e o coração a dilacerar.
 Terminou um jogo épico e com o resultado que a mim me convém. Ambas as equipas estão de parabéns pela entrega, pelo caráter, pelo trabalho, pelo suor e pela dignificação das respetivas camisolas que cada uma representa. Felicito o adversário (Braga) que soube estar à altura.
Enquanto via o jogo a espaços (por não suportar o acumular de ansiedade e o sentimento de injustiça em crescendo), só me lembrava do famoso filme, com a participação especial de Pelé: Fuga para a Vitória. Num campo de concentração nazi, durante a segunda guerra mundial, o major Karl Von Steiner (Max Von Sydow), que já tinha pertencido à seleção alemã de futebol, decide organizar um jogo entre uma seleção dos prisioneiros aliados, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine), um inglês que era um conhecido jogador de futebol e a quem cabia a tarefa de treinar a equipa. Os nazis pretendem alcançar a vitória, enquanto a equipa dos aliados planeiam uma arriscada fuga durante o intervalo da partida. O que sobra do filme é muito mais do que o resultado final: é a entrega, o orgulho posto em causa e que vai ser defendido com unhas e dentes, é o tentar contrariar a desvantagem, é sangue, suor e lágrimas!
O jogo de hoje foi assim! Foi muito mais do que um jogo. Foi a fénix renascida, o reerguer de uma morte antecipadamente anunciada, felizmente (para mim) coroada pela vitória. Uma simples partida tornou-se num jogo mítico. Todos os ingredientes estiveram lá: a extrema dificuldade em alcançar o objetivo, a luta gigantesca para o conseguir, as pequenas derrotas que se vão acumulando e evitam o alcance do que se pretende, a consequente angústia por não estar a ser bem-sucedido, a persistência e entrega total e absoluta, a recusa em desistir e, por fim, a glória! A tão almejada vitória que recompensa todo o esforço e apaga a fadiga! Fica a explosão de alegria e o sentido de justiça que se cumpriu.
A minha equipa, hoje, foi brava! Soube resistir e não perecer. A minha equipa, hoje, foi o símbolo do ideal e eu sempre gostei de ideais e ainda mais de quem os defende como se de si próprio se tratasse, porque é desta massa de que é feito o grande Homem! À minha equipa, hoje, agradeço todo o orgulho que me fizeram sentir e pela lição que me permitiram ensinar aos meus filhos. Ainda que não tivessem ganho, teriam sido valentes, mas assim foram míticos. Esta é a mística do Futebol Clube do Porto. Sangue, suor e lágrimas é o que se espera da mui nobre, leal e invicta cidade e de quem a representa!
SOMOS PORTO! SEMPRE!
 Nina M.

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