O impensável aconteceu! Donald Trump foi eleito e
o mundo estremeceu. A velha Europa atónita e boquiaberta interroga-se como foi
possível tal façanha. Critica e acusa os ignorantes americanos que votaram na
figura ridícula.
Quanto a mim, que não gosto de políticos em geral nem
de Trump em particular, passado o assombro inicial, lembro-me que nós, aqui, no
velho e orgulhoso continente das ideias e da cultura, também vamos colecionando
figurinhas miseráveis e deprimentes. Itália teve Berlusconi; a Rússia tem o
Putin; em França, a Le pen conquista adeptos e nós, o extremo ocidental ou a
cabeça da Europa, como Pessoa gostaria que de facto fôssemos, somos liderados
por um governo que até nem ganhou as eleições, na sequência de um quadriénio
tenebroso para o bolso dos portugueses, curiosamente muito devido a uma gestão
absolutamente danosa de um ex-primeiro ministro acusado de crimes gravíssimos
de corrupção, os quais rejeita veementemente, mas em quem ninguém com dois
dedos de testa acredita! Afinal, somos melhores em quê?!
Na realidade, Trump obedece aos cânones
eleitoralistas: é arrogante quanto baste e desonesto também, uma vez que não
teve pejo em admitir que sonegou ao estado americano os impostos que lhe eram
devidos. A partir daqui não será difícil imaginar como conseguiu ampliar o já
vasto património que herdou…Atrevo-me a pensar que não terá sido de forma
lícita e julgo não correr o risco de
ser injusta! A lista de defeitos não
fica por aqui! Trump é xenófobo, machista, misógino, enfim, é simplesmente
nojento, mas e agora?! Pasme-se a alma por ver que os que não o queriam por lá manifestam-se
contra a sua vitória, esquecendo-se que ao quererem varrer Trump, varrem também
a democracia, o grande baluarte do País! O homem ganhou, agora aguentem-se à
bronca! E tenham calma, porque a insanidade do déspota não contagiará o senado
(pelo menos o mundo assim o espera)!
Interpretando os sinais, parece-me que Trump
venceu por cansaço! Lá como cá! As pessoas estão absolutamente desiludidas com
os políticos e os seus discursos politicamente corretos, porém, nada credíveis
e votaram no mais genuíno! O homem até admitiu que roubou o país, caramba!
Deixou bem claro o que pensa dos mexicanos e das mulheres! É uma besta! Claro
que sim, mas é uma besta que diz o que de facto pensa!
Trump
é um alerta para os tecnocratas europeus. O povo está tão divorciado da
política trapaceira, que é capaz de eleger um bárbaro sem papas na língua! A
desilusão gera radicalismos! Já deveríamos ter aprendido a lição com a
História, que, sistematicamente, parece banhar a humanidade com a água do rio
Letes, num batismo amnésico e insalubre.
Nina M.
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