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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 15



Eu adoro o Natal!
Sei que há quem não goste da quadra e compreendo a razão invocada: a grande hipocrisia que reveste o enorme manto de generosidade com que as pessoas se cobrem nessa altura.
O próprio papa Francisco alertou para os perigos do falso espírito natalício. As faustas mesas, a fartura dos presentes, tudo apela ao consumo desmedido que cega quem assim vive. O Natal de tradição judaico-cristã não deveria ser isto, porém, a sociedade moderna que valoriza excessivamente os bens materiais ou um estilo de vida prazenteiro, tão cheio de tudo que os indivíduos se sentem cheios de nada, impõe que assim seja. Vejo os pais assoberbados pela preocupação em satisfazer os pedidos da imensa lista que os meninos fizeram para enviar ao pai-natal!
Eu explico aos meus que o pai-natal, mensageiro do Deus menino, não pode trazer tudo o que se pede, pois não sobraria nada para os outros. Sou pouco amiga do pai-natal, porque imagino que as crianças que nada têm o achem tremendamente injusto, já que traz muito a uns e nada a outros! Apetece acabar com a fantasia de imediato, no entanto, mesmo assim, não se acabaria com a arbitrariedade grosseira!
Ainda que constate a veracidade dos factos, reitero a minha paixão pelo Natal! Gosto da reunião familiar, do calor da lareira e do espírito dos que a rodeiam, da azáfama culinária e da ânsia da pequenada aflita, porque as mãos e dedos revelam-se insuficientes para tanto embrulho. Tanto faz se os presentes são caros ou baratos. A emoção passa por rasgar os embrulhos! Gosto da generosidade que se propaga pelo ar, mesmo dos que durante o ano são maléficos! Sirva ao menos para tornar melhor quem é normalmente indiferente aos outros! É só hipocrisia (dirão alguns)! E depois?! Se o Natal tornar melhor o Homem, mesmo que só uma vez por ano, ótimo! Se desse parco gesto beneficiarem uns poucos, tanto melhor!
Sou um espírito livre que não se incomoda com isso. Dívidas e pecados cada um paga os seus. Vale mais ter um gesto bonito uma vez na vida do que nunca! Fica na consciência de cada um!
Por vezes, o meu marido acha-me do bom tempo, porque não hesito em dar uma moeda a um pedinte. “Gostas de ser do bom tempo!”- Diz-me. “Crês que o dinheiro é realmente para comida?!”
 Quero lá saber! Se assim é, não sou eu quem erra! Que lhe fique na consciência. Não carrego o fardo de poder contribuir para minorar um pouco a miséria e não o fazer!
Lamento verdadeiramente por todos aqueles que não têm Natal e serão, talvez, a maioria, especialmente as crianças! Lamento o facto de a nossa sociedade transformar o Natal em consumo excessivo e desperdício alimentar! Dói-me a indiferença dos grandes líderes mundiais ao sofrimento do cidadão comum, sobretudo os que se encontram em cenários de guerra! Perdoem-me todos, mas continuo apaixonada pelo milagre do nascimento do Salvador, portador da Boa Nova e da esperança da humanidade! Por cada hipócrita haverá certamente um Homem de boa vontade!
Feliz Natal!
Nina M.

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