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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 44



Já me partiram o coração algumas vezes e, quando se passa pela experiência, não se gosta. Todas as promessas feitas foram quebradas e a confiança que se partiu não se volta a colar e mesmo que se tente, o remendo está lá, a lembrar o sucedido. Pode ser devastador, no momento, mas passado certo tempo, faz-se clarividência no espírito e percebemos que se assim foi, é porque não era para ser. Não que doa menos, porém, ninguém disse que a verdade era fácil e apaziguadora.
Um dos elogios mais bonitos que alguém me fez foi dizer-me, em determinado contexto, que não passava despercebida em lado nenhum, quando eu sempre julguei que sim. Quem o fez, de outra maneira, também me partiu o coração.
O meu coração partiu-se até encontrar aquele que é hoje o meu marido. Nunca me partiu o coração e soube, então, que o amor não é nem nunca foi um lugar comum. O meu marido não é um homem romântico nem de surpresas, basta ver a sua aflição quando a situação dita que me ofereça um presente! Já lhe disse que mulher liga com mala, sapatos, roupa, joias e, no meu caso particular, livros… No entanto, é sempre um problema para o homem! Também não é propriamente de palavras ou de poesia. Ao contrário de mim, gosta mais de números. Eu adoro palavras. Elas podem ser esquivas e traiçoeiras, mas também podem ser perenes e verdadeiras. Estas últimas são acompanhadas de gestos. Não tendo um companheiro romântico que debite palavras bonitas ou emoções que não sente, tenho um parceiro que me prova todos os dias que me ama, nos gestos mais simples e banais do quotidiano (na partilha das tarefas domésticas, nos carinhos apaziguadores e na cumplicidade do dia a dia) e que continua a querer percorrer o caminho que vamos trilhando juntos.
As experiências desagradáveis ensinam-nos a apreciar as que verdadeiramente valem a pena e o amor só é amor se não parte o coração, mas antes consola, apazigua e o faz sorrir.
Nina M.

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