Já me partiram o coração algumas vezes e, quando se passa pela experiência,
não se gosta. Todas as promessas feitas foram quebradas e a confiança que se
partiu não se volta a colar e mesmo que se tente, o remendo está lá, a lembrar
o sucedido. Pode ser devastador, no momento, mas passado certo tempo, faz-se
clarividência no espírito e percebemos que se assim foi, é porque não era para
ser. Não que doa menos, porém, ninguém disse que a verdade era fácil e
apaziguadora.
Um dos elogios mais bonitos que alguém me fez foi dizer-me, em determinado
contexto, que não passava despercebida em lado nenhum, quando eu sempre julguei
que sim. Quem o fez, de outra maneira, também me partiu o coração.
O meu coração partiu-se até encontrar aquele que é hoje o meu marido. Nunca
me partiu o coração e soube, então, que o amor não é nem nunca foi um lugar comum.
O meu marido não é um homem romântico nem de surpresas, basta ver a sua aflição
quando a situação dita que me ofereça um presente! Já lhe disse que mulher liga
com mala, sapatos, roupa, joias e, no meu caso particular, livros… No entanto,
é sempre um problema para o homem! Também não é propriamente de palavras ou de
poesia. Ao contrário de mim, gosta mais de números. Eu adoro palavras. Elas
podem ser esquivas e traiçoeiras, mas também podem ser perenes e verdadeiras.
Estas últimas são acompanhadas de gestos. Não tendo um companheiro romântico
que debite palavras bonitas ou emoções que não sente, tenho um parceiro que me
prova todos os dias que me ama, nos gestos mais simples e banais do quotidiano
(na partilha das tarefas domésticas, nos carinhos apaziguadores e na
cumplicidade do dia a dia) e que continua a querer percorrer o caminho que
vamos trilhando juntos.
As experiências desagradáveis ensinam-nos a apreciar as que verdadeiramente
valem a pena e o amor só é amor se não parte o coração, mas antes consola,
apazigua e o faz sorrir.
Nina M.
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