Gosto muito de histórias, sobretudo, bem
contadas! Sejam de ecrã de televisor, de tela de cinema, de música, de um
poema, de uma novela, de um romance, de um conto, de uma simples crónica ou da
vida!
Gosto de todas e as que vi, li e ouvi,
guardo-as comigo e não as posso ignorar, parafraseando Sophia de Mello Breyner
Andresen. Algumas marcam mais do que
outras e desconfio que algumas das personagens andam aninhadas comigo na alma,
mostrando-se momentaneamente a espaços. Gostam de ser esquivas, escorregadias e
secretas.
Certo é que, à medida que vou sabendo
essas narrativas, vou guardando o seu sumo no meu íntimo, porque com elas vivo
alegrias, partilho tristezas, emociono-me, comovo-me, irrito-me, vivo uma
realidade paralela, em tudo semelhante à existência.
Assim, “O Paciente Inglês”, “A lista de
Shindler”, “As Cinzas de Ângela”, “La Bête Humaine”, “O meu pé de
laranja-lima”, entre tantos outros títulos moram em mim. As personagens saem do
papel e encontro-as por aí, nas mais diversas circunstâncias. Vejo Dâmasos
Salcedes a pontapés, D. Quixotes, cada vez mais raros, que defendem a sua
Dulcineia e os ideais da cavalaria, Einares humanizados, apesar da
desumanização que os rodeia, Baltasares e Blimundas, as Sarahs e os Bendrix de
Greene…
Quando menos espero, sou assaltada por
um conjunto difuso de seres que deixei de lembrar e fazem questão de me dizerem
que existem e povoam o meu subconsciente, para aparecerem quando lhes parece oportuno.
No outro dia, Lobo Xavier dizia, na
Quadratura do Círculo, que admitia que as novas gerações fossem bem-sucedidas,
sem conhecerem a História ou os clássicos de literatura, contrariando a tese de
Pacheco Pereira que afirmava que esse desconhecimento o deixava desconcertado,
considerando as nova gerações pouco preparadas e que, por isso, estariam na
origem do aparecimento dos Trump deste mundo. Porém, ambos estavam de acordo
que não seriam os mesmos sem esses conhecimentos, sem a leitura dos clássicos e
não concebiam a sua vida sem esses pré-requisitos.
Eu, que humildemente me reconheço mais
ignorante do que os dois, também não me imagino sem as histórias que me invadem
os sentidos e me dotam de vivências alheias que passam também a ser minhas.
Uma boa história vale sempre a pena
recordar!
Nina M.
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