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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 16



Gosto muito de histórias, sobretudo, bem contadas! Sejam de ecrã de televisor, de tela de cinema, de música, de um poema, de uma novela, de um romance, de um conto, de uma simples crónica ou da vida!
Gosto de todas e as que vi, li e ouvi, guardo-as comigo e não as posso ignorar, parafraseando Sophia de Mello Breyner Andresen.  Algumas marcam mais do que outras e desconfio que algumas das personagens andam aninhadas comigo na alma, mostrando-se momentaneamente a espaços. Gostam de ser esquivas, escorregadias e secretas.
Certo é que, à medida que vou sabendo essas narrativas, vou guardando o seu sumo no meu íntimo, porque com elas vivo alegrias, partilho tristezas, emociono-me, comovo-me, irrito-me, vivo uma realidade paralela, em tudo semelhante à existência.
Assim, “O Paciente Inglês”, “A lista de Shindler”, “As Cinzas de Ângela”, “La Bête Humaine”, “O meu pé de laranja-lima”, entre tantos outros títulos moram em mim. As personagens saem do papel e encontro-as por aí, nas mais diversas circunstâncias. Vejo Dâmasos Salcedes a pontapés, D. Quixotes, cada vez mais raros, que defendem a sua Dulcineia e os ideais da cavalaria, Einares humanizados, apesar da desumanização que os rodeia, Baltasares e Blimundas, as Sarahs e os Bendrix de Greene…
Quando menos espero, sou assaltada por um conjunto difuso de seres que deixei de lembrar e fazem questão de me dizerem que existem e povoam o meu subconsciente, para aparecerem quando lhes parece oportuno.
No outro dia, Lobo Xavier dizia, na Quadratura do Círculo, que admitia que as novas gerações fossem bem-sucedidas, sem conhecerem a História ou os clássicos de literatura, contrariando a tese de Pacheco Pereira que afirmava que esse desconhecimento o deixava desconcertado, considerando as nova gerações pouco preparadas e que, por isso, estariam na origem do aparecimento dos Trump deste mundo. Porém, ambos estavam de acordo que não seriam os mesmos sem esses conhecimentos, sem a leitura dos clássicos e não concebiam a sua vida sem esses pré-requisitos.
Eu, que humildemente me reconheço mais ignorante do que os dois, também não me imagino sem as histórias que me invadem os sentidos e me dotam de vivências alheias que passam também a ser minhas.
Uma boa história vale sempre a pena recordar!
Nina M.

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