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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 68



Há alguns anos, um colega, com quem eu gostava bastante de dialogar, dizia-me, durante uma conversa, que o mundo ocidental, no futuro, seria das mulheres. Estas estariam nos centros das grandes decisões quer a nível político, quer a nível económico, quer a nível social.
Ele assentava esta sua ideia, não só na superioridade do número de mulheres em relação aos homens, mas também na resiliência que elas apresentam. Dizia-me que em breve as Universidades e os centros de saber estariam povoados por saltos, perfume e batom. Afirmava que a sua tenacidade as protegia. Apresentavam mais vontade de estudar e de serem bem-sucedidas.
Acredito que a História já nos tenha ensinado que para conquistarmos o mesmo reconhecimento que os homens teremos de trabalhar o dobro ou o triplo! Resquícios ainda alarmantes de uma sociedade retrógrada e ingrata. Bastaria lembrar as inequívocas desigualdades a que nós, mulheres, ainda estamos sujeitas, no mundo da civilização moderna. Não por falta de capacidade da nossa parte, mas essencialmente pelo medo masculino, que se habituou em demasia ao papel dominador e decisor, muitas vezes, sob a capa de uma proteção que insiste em propalar, não com o fim beneplácito da generosidade e do amor, mas antes como satisfação e orgulho pessoal pela mostra de poder.  
O que sobrará aos homens se as mulheres efetivamente lhes assaltarem os lugares de decisão e de chefia? Daria origem, talvez, a uma profunda crise de identidade no masculino, em que os homens deixariam de se reconhecer como parte fundamental no sustento de uma sociedade. Seria o desvario! Por enquanto, vão permitindo que algumas mulheres atinjam esse patamar, em nome de uma sociedade que se quer evoluída, igualitária e democrática. Enquanto elas não lhes morderem verdadeiramente os calcanhares… Assim que a ameaça se torne real, vê-los-emos despeitados e a exigir que elas preencham os lares para que possam prover as necessidades do macho, como se a função da mulher fosse essa: a de criar os filhos e de servir de muleta ao marido. Não me parece que o mundo esteja preparado para uma verdadeira revolução social e uma equitativa distribuição de papéis. O preconceito e o medo são armas poderosas contra a mudança.
Outro dia, ouvia o queixume de um homem que apenas precisava de sair e cruzou-se com uma mulher culta, o que lhe arruinara o propósito, pois só pretendia alguém com quem se pudesse divertir e beber uns copos. Assim, inconscientemente, estava a reduzir a mulher ao papel de ama e de cuidadora e todo o acervo de conhecimento que inunda o seu cérebro, não passa de tralha dispensável e cinzenta, pouco divertida e nada atrativa. O que eu julgava ser qualidade foi passado a defeito, num ápice!
Ocorre-me que eles nos preferem belas, mas ignorantes quanto baste para que eles se sintam interessantes. O que fazer com uma mulher que promove e debita sabedoria? Apenas servem para suscitar as inseguranças que um macho-alfa não deve apresentar. Mulheres inteligentes e preparadas afugentam o sexo oposto e se porventura a estes atributos ainda conseguirem juntar uma boa dose de beleza, por mais estranho que pareça, reúnem um conjunto de características passíveis de as deixarem intocáveis um bom par de anos e quiçá para todo o sempre! Toda a gente sabe: a mulher ou é bonita ou é inteligente, os dois atributos juntos são uma miragem e se se confirmarem, é fugir a sete pés!
Santa paciência!…
Nina M.



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