Há alguns anos, um colega, com quem eu
gostava bastante de dialogar, dizia-me, durante uma conversa, que o mundo
ocidental, no futuro, seria das mulheres. Estas estariam nos centros das
grandes decisões quer a nível político, quer a nível económico, quer a nível
social.
Ele assentava esta sua ideia, não só na
superioridade do número de mulheres em relação aos homens, mas também na
resiliência que elas apresentam. Dizia-me que em breve as Universidades e os
centros de saber estariam povoados por saltos, perfume e batom. Afirmava que a
sua tenacidade as protegia. Apresentavam mais vontade de estudar e de serem
bem-sucedidas.
Acredito que a História já nos tenha
ensinado que para conquistarmos o mesmo reconhecimento que os homens teremos de
trabalhar o dobro ou o triplo! Resquícios ainda alarmantes de uma sociedade
retrógrada e ingrata. Bastaria lembrar as inequívocas desigualdades a que nós,
mulheres, ainda estamos sujeitas, no mundo da civilização moderna. Não por
falta de capacidade da nossa parte, mas essencialmente pelo medo masculino, que
se habituou em demasia ao papel dominador e decisor, muitas vezes, sob a capa
de uma proteção que insiste em propalar, não com o fim beneplácito da
generosidade e do amor, mas antes como satisfação e orgulho pessoal pela mostra
de poder.
O que sobrará aos homens se as mulheres
efetivamente lhes assaltarem os lugares de decisão e de chefia? Daria origem,
talvez, a uma profunda crise de identidade no masculino, em que os homens
deixariam de se reconhecer como parte fundamental no sustento de uma sociedade.
Seria o desvario! Por enquanto, vão permitindo que algumas mulheres atinjam
esse patamar, em nome de uma sociedade que se quer evoluída, igualitária e
democrática. Enquanto elas não lhes morderem verdadeiramente os calcanhares…
Assim que a ameaça se torne real, vê-los-emos despeitados e a exigir que elas
preencham os lares para que possam prover as necessidades do macho, como se a
função da mulher fosse essa: a de criar os filhos e de servir de muleta ao
marido. Não me parece que o mundo esteja preparado para uma verdadeira
revolução social e uma equitativa distribuição de papéis. O preconceito e o
medo são armas poderosas contra a mudança.
Outro dia, ouvia o queixume de um homem
que apenas precisava de sair e cruzou-se com uma mulher culta, o que lhe
arruinara o propósito, pois só pretendia alguém com quem se pudesse divertir e
beber uns copos. Assim, inconscientemente, estava a reduzir a mulher ao papel
de ama e de cuidadora e todo o acervo de conhecimento que inunda o seu cérebro,
não passa de tralha dispensável e cinzenta, pouco divertida e nada atrativa. O
que eu julgava ser qualidade foi passado a defeito, num ápice!
Ocorre-me que eles nos preferem belas,
mas ignorantes quanto baste para que eles se sintam interessantes. O que fazer
com uma mulher que promove e debita sabedoria? Apenas servem para suscitar as
inseguranças que um macho-alfa não deve apresentar. Mulheres inteligentes e
preparadas afugentam o sexo oposto e se porventura a estes atributos ainda
conseguirem juntar uma boa dose de beleza, por mais estranho que pareça, reúnem
um conjunto de características passíveis de as deixarem intocáveis um bom par
de anos e quiçá para todo o sempre! Toda a gente sabe: a mulher ou é bonita ou
é inteligente, os dois atributos juntos são uma miragem e se se confirmarem, é
fugir a sete pés!
Santa paciência!…
Nina M.
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