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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 41



Há mulheres a quem custa muito aceitar o envelhecimento inevitável. Algumas, apesar da idade, estão absolutamente fantásticas, mas, invejam as jovens de vinte anos, de pele firme e sem rugas. Eu entristeço-me um pouco, porque essas mulheres são infinitamente mais interessantes, hoje.
Devemos, naturalmente, manter a vaidade feminina. Devemos querer estar bem e gostar da imagem que vemos no espelho, porém, não é o invólucro que nos define. Cada ruga que me invade simboliza a experiência e o saber acumulado. A flacidez, fruto da maternidade e do tempo, é consequência do amor infinito e puro que permitiu que novos seres se acolhessem no meu ventre. São o meu legado. Algo de mim se perpetuará na terra, para além do meu desaparecimento. As rugas, flacidez, gordurinhas, pequenos derrames ou varizes representam um projeto tão mais grandioso que merecem o respeito de todas as mulheres.
Seria preferível passar-lhes ao lado e manter uma eterna juventude? Talvez, mas perante a impossibilidade, resta saber aceitar o irremediável, tentando manter uma vida saudável e assim perpetuar a juventude, dentro do possível.
Já tivemos vinte anos, mas se fizermos uma reflexão, creio que concluiremos que gostamos mais de nós agora, apesar dos sinais do tempo. Somos mais crescidas, mais autónomas, mais independentes, mais seguras, enfim, verdadeiramente mulheres!
Quem não perceber isto, também não nos merece, até porque a idade também traz o refinamento da exigência e a compreensão absoluta do ditado “mais vale só do que mal acompanhada!”
Quando a idade for mesmo muita e as costas enrugadas, transformá-las-emos em drapeado de vestido original. As linhas do rosto serão guias de uma maquilhagem perfeita e a alma, essa, cada vez mais brilhante, jovem e bela, alumiará com dignidade o caminho das filhas que despontam para a vida.
A beleza é mais do que um estado momentâneo e passageiro, é uma condição.
Nina M.


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