Seguidores

domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 31



A vida, a tempos, coloca-nos perante certas encruzilhadas e obriga-nos a fazer escolhas. Ficamos sempre na expectativa de que as nossas decisões sejam as mais acertadas, o que só também o tempo nos esclarece, quando chega o momento.
É altura de concursos e, este ano, a decisão não está fácil. Basicamente, a opção é entre entrar com toda a certeza para o quadro, na região de Lisboa, ou concorrer apenas para a zona que interessa e aguardar, com alguma esperança de alcançar o mesmo resultado, mas que pode vir a não se concretizar.
Já seria mais do que justo que os meus dezoito anos de serviço fossem suficientes para estar no quadro e perto de casa, mas enfim...
Deveria ponderar muito bem a situação e pensar na possibilidade de assegurar a entrada no quadro, mas perante o boletim de concurso, o estômago contrai-se como se levasse um murro e as mãos recusam-se a escrever o código que me afastaria de casa. Não consigo. Não tenho essa coragem.
Dialogo com o marido e sei que ele não quer a minha ausência, ainda que vá dizendo que eu é que sei, argumentando que em termos económicos não se lucraria nada e que algum horário sempre há de surgir. Fico aliviada e satisfeita por me sentir desejada. A ideia de me afastar dos pequenos angustia-me por si só. A minha pequenita sofreria horrores com a ausência da mãe, logo no ano de entrada para o primeiro ciclo! A mãe não sofreria menos do que ela. O mais velhinho a entrar para o quinto… Quando o pai trabalhasse de noite, como seria?! Demasiada confusão familiar! As mãos recusam-se a digitar o código que traria a desarmonia ao lar!
Haverá quem pense que esta teima em ficar é tolice e fraqueza. S. Paulo disse: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim!” No meu caso, eu não vivo sem os meus. A família tem de vencer e a família deve ser protegida das agressões externas. Os meus filhos são o mais importante. Antes de mais, preciso de fazer a diferença na vida dos meus, para que possa estar em condições de fazer a diferença na vida de outros.
Não sei se há quem veja tal como conformismo ou pouca ambição, mas o tempo que me seria roubado junto dos meus amores, estaria irremediavelmente perdido e para tal dano não há compensação possível. Fraqueza? Não me parece. Apenas amor!
 Nina M.

Sem comentários:

Enviar um comentário