A vida, a tempos, coloca-nos perante
certas encruzilhadas e obriga-nos a fazer escolhas. Ficamos sempre na
expectativa de que as nossas decisões sejam as mais acertadas, o que só também
o tempo nos esclarece, quando chega o momento.
É altura de concursos e, este ano, a
decisão não está fácil. Basicamente, a opção é entre entrar com toda a certeza
para o quadro, na região de Lisboa, ou concorrer apenas para a zona que
interessa e aguardar, com alguma esperança de alcançar o mesmo resultado, mas
que pode vir a não se concretizar.
Já seria mais do que justo que os meus
dezoito anos de serviço fossem suficientes para estar no quadro e perto de
casa, mas enfim...
Deveria ponderar muito bem a situação e
pensar na possibilidade de assegurar a entrada no quadro, mas perante o boletim
de concurso, o estômago contrai-se como se levasse um murro e as mãos
recusam-se a escrever o código que me afastaria de casa. Não consigo. Não tenho
essa coragem.
Dialogo com o marido e sei que ele não
quer a minha ausência, ainda que vá dizendo que eu é que sei, argumentando que
em termos económicos não se lucraria nada e que algum horário sempre há de
surgir. Fico aliviada e satisfeita por me sentir desejada. A ideia de me
afastar dos pequenos angustia-me por si só. A minha pequenita sofreria horrores
com a ausência da mãe, logo no ano de entrada para o primeiro ciclo! A mãe não
sofreria menos do que ela. O mais velhinho a entrar para o quinto… Quando o pai
trabalhasse de noite, como seria?! Demasiada confusão familiar! As mãos
recusam-se a digitar o código que traria a desarmonia ao lar!
Haverá quem pense que esta teima em
ficar é tolice e fraqueza. S. Paulo disse: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo
que vive em mim!” No meu caso, eu não vivo sem os meus. A família tem de vencer
e a família deve ser protegida das agressões externas. Os meus filhos são o
mais importante. Antes de mais, preciso de fazer a diferença na vida dos meus,
para que possa estar em condições de fazer a diferença na vida de outros.
Não sei se há quem veja tal como
conformismo ou pouca ambição, mas o tempo que me seria roubado junto dos meus
amores, estaria irremediavelmente perdido e para tal dano não há compensação
possível. Fraqueza? Não me parece. Apenas amor!
Nina M.
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