Eu, mãe imperfeita me confesso! Admito
as minhas falhas, mas não vivo presa à culpa. O ser humano é imperfeito e a
mãe, embora às vezes pareça ter poderes paranormais, também é humana, logo
erra. Eu erro! Eu canso! Por vezes, até desespero!
Sou a mãe que grita, às vezes, exageradamente.
A psicologia aconselha à calma, pois com esse comportamento ensinamos os filhos
a resolver os seus problemas a gritar. É verdade. Dou pelo Rodrigo a corrigir a
irmã aos berros. Então, corrijo-o eu, explicando que não é preciso gritar! E
penso: “Olha para o que eu digo e não para o que eu faço!” Prometo a mim
própria tentar gerir esse impulso de outra forma. Quando me lembro, vou
tentando. No entanto, não deixo de pensar que é tudo muito bonito em teoria,
mas a prática impõe-nos uma série de atitudes espontâneas que nos são inatas e
que nos caracterizam a cada ser como único. Eu grito, pronto! Quando dou conta,
já está! No entanto, gostaria de ver algum psicólogo a aplicar esses preceitos
aos dois piratas cá da casa, durante os dias da semana!
A repetição da mesma ordem põe-me louca!
É preciso repetir a mesma coisa mais de cinco vezes! Ao fim da terceira, o tom
de voz começa, forçosamente, a alterar-se! A palmada, em último recurso, também
funciona.
Repete-se: “ Arrumem os brinquedos!”; “Faz
os trabalhos de casa!”; “Meninos! Venham para a mesa!”; “Sossega! Come!”; “Não
te levantes da mesa!”; “Meninos, hora de escovar os dentes, banho e cama!”;
pelo meio ainda sai: “Não impliques com a tua irmã!”; “Não arrelies o teu
irmão!”… Tudo enquanto se prepara o jantar, roupas das crias para o dia
seguinte, enquanto se pensa no recado que chegou da escola e ao qual é preciso
responder, enquanto se arruma a cozinha e se os põe a tomar banho, para depois
os meter na cama! Tarefas hercúleas, quando os dois irmãos se lembram de, à
hora do banho, desatarem a correr desenfreadamente, como se não houvesse
amanhã, numa algaraviada que os nossos ouvidos, ao fim de um dia cheio, já não
toleram! Haja paciência! Como se evita o grito para acabar com tamanha desordem
e agitação?! Resposta: não se evita!
A minha imperfeição vai para além do
grito! Não sou a mãe metódica que anda sempre com chapéu e protetor solar!
Esqueço-me uma série de vezes de ambas as coisas e na minha mala, por hábito,
não há protetor solar, a menos que vá para a praia! A inconsciência não chega a
tanto! Neste capítulo, fico mais tranquila. Sempre brinquei ao sol, sem
protetor e nunca apanhei nenhum escaldão! Os quinze ou vinte minutos que possam
apanhar sol, não lhes hão de fazer mal! Assim espero!
Os meus filham brincam na rua, em frente
à casa, com os vizinhos, sem a minha constante vigilância. Vou deitando o olho!
Também não há de ser nada! Eu fazia bem pior!
Esqueço-me constantemente de verificar a
mochila do mais velho que já está no quarto ano e que, por sua vez, se esquece
de me dar os recados todos! Quando dou conta, sou surpreendida à hora de o ir
buscar à escola, por uma reunião que era suposto eu saber que existia!
Estuporado do rapaz! Faz-me isto constantemente! E penitencio-me, porque me
esqueci de verificar a mochila na véspera!
Apesar destes lapsos, os meus filhos
sempre comeram papa de fruta feita na hora e sopa feita em casa. Nada de boiões
pré-preparados! Às vezes, dava jeito, mas creio que lhes eduquei em demasia o
paladar…
Também tenho o hábito de lhes ler, ainda
que não seja diário (muitas vezes por falta de tempo e outras por falta de
pachorra mesmo); de lhes perguntar como correu o dia e o que fizeram na escola,
de lhes dizer que os amo, antes de dormirem, para depois os ouvir dizer: “mesmo
quando te zangas?”
Mesmo quando me zango, respondo. E penso
que não me deveria ter zangado tanto, pois eles não têm culpa dos meus dias
constantemente corridos. Porém, o meu coração sossega quando lhes pergunto se
preferiam outra mãe e eles logo me garantem que não e que gostam muito de mim,
porque sou a melhor mãe do mundo.
Imperfeita? Com certeza! Quem não erra que
atire a primeira pedra, mas garanto que respondo!
Nina M.
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