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domingo, 27 de novembro de 2022

Aos grandes

A morte não apaga o rasto dos grandes
Grandes são os que nos tocam a alma
De  forma indelével, permanente e calma
Além da humanidade o espírito transcende

Afáveis, íntegros, homens de apreço
A morte, em geral, a todos nos faz bons
Há os que, porém, na vida mostram dons
Inexpugnável sinal de homens sem preço

A morte tão cedo da carne perecível
Ao tempo que fora de tempo leva a vida
Não impede a memória irresistível

Da grandeza que nunca foi esquecida
Para eles a canção do cisne inesquecível
O seu canto não é morte, antes vida!

sábado, 26 de novembro de 2022

Crónica de Maus Costumes 301

 

Bibota, o gigante!

            Cinco campeonatos, três taças, uma taça de campeão europeu, uma supertaça europeia, uma taça intercontinental. São estes os triunfos coletivos com a camisola do Futebol Clube do Porto envergada e o eterno número nove estampado. Seis vezes o melhor marcador do campeonato, duas botas de ouro, 451 jogos e 355 golos. É este o palmarés desportivo do gigante que, hoje, deixou a família portista destroçada.

            A crónica de hoje não poderia ser outra. Teria de ser dedicada ao meu único ídolo dos tempos de criança: Fernando Gomes. Já anteriormente, eu escrevi sobre o bibota e não quero repetir-me. Nunca conheci o capitão, número nove. Nunca tive oportunidade de lhe dirigir a palavra e, no entanto, a sua partida significa deixar um lugar vazio no coração que só ele poderia ocupar. Escrever sobre o bibota é recuar no tempo e recordar a idade da inocência e a pureza. É lembrar dos penáltis marcados no sofá que servia de baliza e dos gritos de golo, como se estivessem a ser relatados, com o nome Fernando Gomes no final. É lembrar que não admitia que alguém se atrevesse a criticar o meu ídolo e que nem mesmo quando surgiram outros com fogo nos pés e que fizeram história no clube, como Rabah Madjer e Paulo Futre conseguiram destroná-lo no meu apreço. Escrever sobre o Gomes é recuar a 1987 e à final de Viena, na qual não pôde jogar por lesão e à qual assistiu pela televisão com Lima Pereira, também lesionado. A sua equipa ganhou-a por ele, com a assinatura do calcanhar de Madjer e de Juary, a arma secreta. É lembrar do despertador para as quatro da manhã para ver o jogo da taça intercontinental. Essa, o Gomes não falhou e marcou um dos golos; o outro foi do Madjer. Escrever sobre o Gomes é voltar à magia pueril onde os heróis são perfeitos. De maneira que depois do Gomes não voltei a ter qualquer ídolo. Nem mesmo na adolescência, em que os atores, jogadores ou cantores da moda faziam as delícias das meninas. Nada. Houve outros jogadores do FCP que me granjearam e granjeiam a admiração, mas nenhum deles foi capaz de ocupar o lugar do capitão, número nove.

            Lembro-me de contar isto a um colega portista. Lecionava em Chaves e ele, a certa altura, lá deixou escapar que era vizinho ou conhecia o bibota, já não me lembro bem… Sei que nunca mais esqueci a sua frase quando, em tom muito sério, deixa cair que o futebol é irracional, porque se fosse racional, só haveria portistas… Ri-me muito com a tirada. Olhei-o e disse-lhe que o Gomes era o meu ídolo de infância. Eu gostava tanto dele! E lá levou com a história dos penáltis e de eu encarnar o Gomes e os meus irmãos que nem tentassem ficar com o nome do capitão! Já se riam e já sabiam que o nove era meu! Garantiu que quando se cruzasse com ele lhe contaria, porque ele ficava feliz com estas histórias. Não cheguei a saber se o fez, mas, neste momento, e apesar de não mudar nada, espero que tenha tido a oportunidade de lho dizer.

Não sou de ídolos, mesmo agora. Não idolatro ninguém, porque com a queda do anjo em nós percebemos os pés de barro dos humanos. Há gente que admiro muito e com reverência, mas a paixão esgotou-se com o capitão. Mesmo quando saiu para o Sporting, onde jogou as suas duas últimas épocas, e me deixou de coração partido, gostava que o Gomes brilhasse, apesar de querer as vitórias do FCP. O lugar ídolo é seu por direito. Sempre foi.

Hoje, quando me deparei com a triste notícia, os meus olhos embaciaram, rasos de água. O nosso capitão não venceu a luta final contra a doença que o consumia. Parte a matéria, fica a memória e o legado. Para sempre eternizado no museu do clube e no coração dos portistas, em especial daqueles que com ele cresceram. Gostaria que o número nove não voltasse a ser usado no FCP, após o término da época, em sinal de respeito pela memória do maior goleador da história do clube.

Para mim, será sempre o meu único ídolo. Agradeço-lhe todas as alegrias, todos os golos de dragão ao peito, toda a dedicação ao seu clube.

Descansa em paz, eterno bibota. Um senhor! Dentro e fora de campo.

 

Nina M.

 

 

 

 

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Ao "Zap do professor"

Partiste, Jorge de Sena!
Deixaste a tua carta como herança
Para os teus herdeiros -
Todos os filhos deste mundo!
Muitos a leram.
Muitos a mastigaram.
Muitos a deitaram fora.
Atrevida talvez?!
Que fariam com ela
Na algibeira da modernidade?
Quem sabe hoje dos fuzilamentos de Goya...
Neste mundo não se mata assim...
Ouvem-se os ruídos ao longe
Destroem-se centrais nucleares
Pilham-se as cidades
Enterram-se ou carbonizam-se corpos
Amontoados em valas. Desfeitos.
Roubam-se infâncias 
Ensina-se o ódio
Lá longe... 
Armas químicas, guerras nucleares...
Tudo higiénico, limpo, ao dispor de um botão.
Não mais se ataca ou defende de fuzil em riste
Corpo a corpo
Talvez o corpo do outro e o seu suor
Ainda fizesse o agressor recuar dois passos
Talvez ainda exalasse a humanidade, o outro...
Não se mata a humanidade, neste início de novo século!
Bendita a hipocrisia dos que falam de paz e instigam a guerra
Porque os deixa adormecer tranquilamente, à noite,
Sob o peso das vidas perdidas dos que partiram.
Sob o peso das vidas perdidas dos que teimam viver.



sábado, 19 de novembro de 2022

Crónica de Maus Costumes 300

 

Notas soltas

                Hoje, a rubrica completa mais uma volta ao número cem. Trezentas crónicas semanais escritas ao longo do tempo nem é pouco nem é muito, é alguma coisita. A deste fim de semana será uma coisa um pouco descosida e uma mixórdia de assuntos que suscitam o meu interesse.

            A primeira nota e a mais preocupante vai para o cenário político português. Semana em que o Carlos Costa, ex-governador do Banco de Portugal, decide abrir a boca e deixar a descoberto as influências de outro Costa em assuntos que não são da sua competência. Refiro-me, naturalmente, ao irascível telefonema feito em defesa preocupada da Isabel dos Santos, uma das herdeiras do José Eduardo dos Santos, ex-presidente de Angola e que entretanto se refugiou num dos países das Arábias para aproveitar bem o sol que, apesar da injustiça, invariavelmente, brilha mais para uns do que para outros. A isto, o senhor Costa, o primeiro-ministro, responde que não passam de jogos da oposição, que não perdoa a maioria absoluta atribuída ao seu partido. Quem não perdoa a maioria absoluta sou eu e não sei como os portugueses ainda não aprenderam a não entregar de bandeja o ato governativo exclusivamente a um partido, seja ele qual for! Após a tomada de posse é esperar um bocadinho e observar os tiques autoritários que começam a surgir. A par deste enredo vergonhoso, que terminará na palavra de Costa contra Costa, a lembrar o Kramer contra Kramer, temos o episódio de outro douto! O senhor Miguel Alves, ex-presidente da Câmara de Caminha e ex-secretário de Estado adjunto, talvez merecesse o epíteto de o Mago, uma vez que revelou a capacidade de fazer desaparecer a avultada quantia de 300 mil euros, que terá distribuído benevolamente a um duvidoso promotor imobiliário. Evidentemente, a oposição que não perdoa a maioria também não perdoou este episódio… E assim vamos, nesta mansa e pacata República, à beira-mar plantada, eternamente à espera de ver os que nos governam a zelar pelo bem comum ao invés de forrar os próprios bolsos, aumentando a sua pança, indiferentes à diabetes e ao colesterol.

            A segunda nota, ainda na senda política, vai para o nosso Presidente da República que nos aconselha a esquecer a violação do Direitos Humanos enquanto durar o Mundial. Enquanto a bola rolar, quem quererá saber dos trabalhadores-escravos mortos (em número avassalador) ou das mulheres massacradas e privadas da sua liberdade ou dos imigrantes mortos do Qatar… Nada disso importa! A comprová-lo estão as palavras de Gianni Infantino, que mostra sentir-se confuso. Decidiu fazer como Pessoa e, subitamente, faz um exercício de despersonalização e sente-se qatari, imigrante naquele país, africano e até mulher! De seguida, acusa a Europa de hipocrisia. Tem razão, esta não falta ao velho continente e ele parece ter aprendido bem a lição.

O Mundial não deveria ser realizado naquele país. Nada mais há a acrescentar. Tudo o resto é tapar o sol com a peneira, a favor de uma decisão inqualificável, mas para quê perder o nosso tempo com alguns milhares de vidas perdidas e outras subjugadas? O que interessa é a redondinha. Sempre há gente muito inconveniente! Estes ativistas da paz e da justiça não têm nem sentido de oportunidade nem o que fazer! Sempre dispostos a arranjarem polémicas. Não se aguenta!

A terceira nota e a mais otimista, para fechar a terceira volta ao número cem como deve ser, vai para o programa “Viagem a Portugal”, inspirado no livro do nosso Nobel e que o brasileiro Fábio Porchat apresenta, na RTP1. Agrada-me viajar por Portugal na companhia de tão venerável companhia e ver o engraçado Porchat a refazer os passos do ilustre escritor, acompanhando-os com pequenos excertos da obra. De caminho, ainda fiquei a saber do Geraldes, um jogador da bola que rompe estereótipos, porque não só lê bastante como ainda escreve poesia. Dei comigo a pensar que com esse sempre seria possível uma conversa fora dos lugares-comuns do mundo futebolístico, pelo que nem tudo está perdido…

 

Nina M.

sábado, 12 de novembro de 2022

Crónica de Maus Costumes 299

 Questão de Honra

            Deparei-me, hoje, com uma cena do filme cujo título resgatei para dar nome à crónica. Da autoria de Rob Reiner, em 1992, com um elenco de luxo, com nomes como Tom Cruise, Demi Moore, Kevin Bacon, Kevin Pollak e o gigante Jack Nicholson faria furor.

Tom Cruise teria trinta anos ainda que aparentasse menos e era o menino bonito da época. Haveria adolescente que não tivesse uma paixoneta pelo “Tom das Cruzes?” O filme é bom, mas não convence pela beleza de um dos seus protagonistas, mas pela narrativa e pela mensagem que passa. A cena que especificamente relembrei é extraordinária. Nicholson tem uma interpretação sublime, de nos deixar sem fôlego. É isto que a arte nos faz, se nos toca, tira-nos o ar. Vi o filme algum tempo mais tarde, mas há tempo suficiente para não me lembrar com detalhe do enredo, mas ao voltar à cena em que Cruise, o advogado exibicionista da marinha, que defende dois marines acusados de terem matado um colega, por lhe terem aplicado o “código vermelho”, punição fora da cartilha militar cuja existência ninguém confirma, tem de enfrentar em Tribunal o temível comandante Jack Nicholson. Poucos esquecerão a deixa: “I want the truth!”, “ You can’t handle the truth!”

O advogado vence o comandante, porque o enfurece e consegue arrancar-lhe a confissão de que tinha ordenado o código vermelho, punição que poria termo à vida do soldado. O comandante era o autor moral do crime. O filme obriga-nos a questionar os conceitos de lealdade e de honra perante uma instituição e, sobretudo, se essa lealdade se deverá manter perante um caso de homicídio, mesmo que involuntário. O narcisismo do comandante, numa interpretação brilhante de Nicholson, expõe a sua frieza e a sua aparente superioridade moral. É esta, aliada à sua vaidade que o desequilibram, tornando-o irascível e fazendo-o perder a sua racionalidade, acusando o advogado de ter o atrevimento de lidar com questões que desconhece e que não compreende, convidando-o a pegar numa arma e a defender a liberdade antes de questionar certos procedimentos, afirmando que a morte do soldado pode ter salvado vidas.

Certo é que a Europa vive um cenário de Guerra e, imediatamente, me questionei se também nós, cidadãos comuns, seremos capazes de lidar com a verdade. Os russos retiram-se de Kherson. Ao que parece, não lhes restaria outra alternativa. A força militar russa não é o que gostariam de fazer parecer. Têm um exército esfrangalhado, cheio de gente que não passou de carne para canhão. Eu gostaria mesmo que fossem obrigados a retirarem-se da Crimeia também, porque esse assalto, já em 2014, foi uma vergonha. Espero que fique claro para o mundo que, no século XXI, não se aceitam comportamentos imperialistas e invasores, de alargamento de fronteiras, independentemente do poderio militar que o país possa ter. Serão os russos capazes de lidar com a verdade quando tudo isto terminar? Saberão que muitos dos que morreram não passaram de peões num jogo de Xadrez jogado pelos grandes que não hesitam em sacrificar inúmeras vidas para salvaguarda da honra militar? Gostaria que fossem bafejados pela coragem de olhar nos olhos do povo invadido e de sentir os crimes de guerra sucessivamente cometidos. Gostaria que percebessem que não deve haver guerra sem lei e, sobretudo, que foi tempo de desespero e de inutilidade.

Não poderia escolher melhor altura para ler “Guerra e Paz”. Tanto ainda permanece semelhante: os soldados, peças de xadrez dispostas e distribuídas com frieza, a tentarem sobreviver em condições miseráveis, com fome e frio. Pilham os próprios camponeses russos antes que cheguem os franceses. E os comandantes, esses, ocupam os palácios abandonados dos seus compatriotas. Continuam a viver confortavelmente e a organizar serões, enquanto desenham os próximos movimentos no tabuleiro da guerra, a partir do conforto de casa, em busca de promoções. A eterna vaidade humana…

Uma questão de honra seria evitar o sangue dos outros.

 Nina M.

sábado, 5 de novembro de 2022

Crónica de Maus Costumes 298

 

O Homem e a sua inexpugnável estupidez

            Vi, hoje, nas notícias, tal como muitos de vós, com repugnância e revolta, a vandalização premeditada do Museu do Prado e de um dos quadros de Goya, com a intenção de sensibilizar a sociedade para a questão do aquecimento global. A ação concertada repetiu-se por outros lados, com o mesmo objetivo.

            Por mais que as questões ambientais suscitem a minha preocupação e a minha simpatia, não deixei de sentir repúdio pelo ato de vandalismo e pelos seres que o perpetraram. O Prado é património dos espanhóis, mas também de toda a humanidade e querer chamar a atenção para as alterações climáticas, por meio de ações selvagens é de uma indignidade inqualificável! Temos o dever de proteger o Planeta e a Natureza, mas a arte é também uma expressão da natureza humana e não é meramente uma manifestação cultural, mas a epifania transcendente do Homem, que lhe permite tornar tangível o sublime. A arte, independentemente da forma escolhida para a sua concretização, é a suprema realização humana! Não compreendê-lo e, sobretudo, ofendê-la é um comportamento simiesco, que em nada abona em favor dos executantes. Portanto, meus caros, os que se atrevem a profanar o que de melhor o Homem é capaz de produzir não passam de uns símios, independentemente, das suas razões. Talvez o planeta agradecesse a sua não existência.

            Esta conduta faz-me recordar a conversa com o meu adolescente de quinze anos, que afirmava categoricamente que mais valia o Homem não ter evoluído, porque apesar do incremento intelectual, continuava estúpido. Eu concordo em parte, isto é, o Homem continua parvo. Quis saber o havia por detrás da sua declaração. Começa, então, por explicar que o Homem vai destruir-se a si mesmo, uma vez que vai destruir o planeta e, por consequência, a espécie. Acrescentou que os homens vivem para se explorarem mutuamente, com a ambição do dinheiro e que talvez os primitivos fossem mais felizes. Não havia ambições económicas desmedidas. Rebati o seu argumento, já que é a melhor forma de o fazer pensar e desenvolver um raciocínio. Lembrei-lhe que as gerações mais recentes, aquelas que já foram educadas para terem preocupações ambientais e desenvolverem comportamentos amigos da Natureza, talvez sejam as que comportam maior pegada ecológica. São os incapazes de andarem cem metros a pé, os que trocam de telemóvel a cada ano, os que não abdicam um pouco do seu conforto… Reforcei que não imaginava o retrocesso civilizacional, porque já ninguém está disposto a voltar ao tempo das cavernas. Se ficar sem as tecnologias, que são já uma quase extensão do seu corpo, é para elas um terror, que dizer do restante… Afirmei que a estupidez humana vivia ao lado da inteligência e que o necessário era que a última vencesse.

            Acabou a sua intervenção com um suspiro, afirmando que todos iríamos morrer, logo a vida é inútil. Olhei séria para ele e vi-lhe a angústia da existência, na puerilidade dos seus quinze anos. Respondi que enquanto isso não acontece, enquanto o fim não chega, a nossa missão é fazer com que nos cumpramos na vida, dar-lhe um sentido e um propósito. O que acabava de me dizer, a constatação do absurdo que também preenche os nossos dias era uma questão filosófica que tinha assolado os existencialistas do século passado, logo era um assunto muito importante       e que merecia ser por ele pensado. Aproveitei para lhe dizer que tinha de estar atento para descobrir o atribuía sentido à sua vida. Sei a razão da sua angústia: reconhecer a importância do estudo e de pouco gostar de estudar. A tremenda dificuldade que representa para ele contrariar a sua preguiça e abdicar dos seus prazeres. Não me ocorreu falar-lhe dos estoicos nem das virtudes de Aristóteles, talvez noutra altura se proporcione. Procura o teu talento e talvez descubras um dos sentidos que justifique a tua existência e atribui-lhe um propósito, porque todos temos algum sem que, muitas vezes, seja algo propriamente palpável. Uns concretizam-nos através da arte, outros pelo desporto, outros pela capacidade de pensar, outros pela sua extrema generosidade… As possibilidades são muitas, meu adorado filho, procura e descobre para que não te sintas perdido.

            Ouviu-me. Não respondeu. Não sei o que pensou. Sei que é demasiado cedo para tão grande descoberta. Espero que descubras a estupidez que em todos mora e a saibas contrariar pelo uso da razão.

 

Nina M.

 

 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Eu sei

Eu sei...
Que há morte
Sobre morte no olhar
A cada despedida
Obrigados a deixar
Correr a vida lesta
Numa falsa ilusão
De que há esperança
De que há mar a cada emoção

Eu sei...
O mundo não quer saber
Da nossa verdade dorida
Que é para todo o ser existir
Uma face que foi ferida
Ao ver tantos partir
Tão cedo fora de tempo
A queda do pano sobre o palco
Que acontece num momento...

Eu sei
Que há vida
Sobre vida num olhar
Uma esperança perdida
Que nos quer falar
E o silêncio mudo
Envolvido no brilhar
A superar o medo
Faz-nos acreditar