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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Doze passas

 Ano velho que acabas
Em pandemia e solidão
Não repitas a receita
Deixa respirar a emoção
A renovação de ano
Exige a presença da esperança
A cura da fome e da sede
O resguardo da criança

Ano velho que acabas
Em sinal de desgraça
Permite a paz e a justiça
Ao virar de cada esquina
Sem mentiras nem ódios
A fraternidade benigna
Afasta a usura rapace
Que a todos contamina

Ano velho que acabas
Sem lista de intenções
Porque sempre o Homem erra
Falha nas suas ações
Só lhe interessa o mercado
O poder e o dinheiro
Para alguns irem a Marte
E o pobre fique prisioneiro

Ano velho que acabas
E renasces sempre igual
Sempre com a mesma injustiça
Por todo o lado se vê o mal
Para quando  a eterna luz
Da evidência que a paz seria
Para quando o Amor
Adiado em cada dia?

Ano velho que acabas
E recomeças sempre igual
Deixa o sonho que matas
Deixa a esperança divinal







sábado, 18 de dezembro de 2021

Talvez amanhã

Talvez amanhã 
Quando vier a hora
Da despedida do mundo
Possa ceder ao cinismo
Dizer que a vida
É sopro com sabor a fel
E o homem lobo do homem
Faminto de sangue e de desgraça

Talvez amanhã
Quando vier a hora
De fechar os olhos
E do sono profundo
Me sobres na memória
As carícias e os beijos
De um tempo são
Num mundo cruel

Talvez amanhã 
Quando chegar o dia
Do juízo final
Em minha defesa
Diga que amei afinal
A vida e o homem
Num tempo insano
Num mundo doente

Talvez amanhã
Em legítima defesa
Sobeje apenas Amor

Crónica de Maus Costumes 259

 

O final de período e as  burocracias exigidas

         São vinte e uma e trinta da noite e, depois de uma tarde a tratar de papelada para as avaliações, a começar às quinze, com um intervalo de uma hora para lanche e  e outra para jantar, finalmente, dedico-me ao ritual de sábado à noite. Seria bom que tivesse ficado por aqui, mas não. Amanhã, espera-me a preparação efetiva da minha reunião de direção de turma. Por isso não é de estranhar que qualquer professor prefira não ter direções de turma, um papel de base da pirâmide, mas sem eles, os diretores de turma, as escolas não funcionariam. Tudo passa por eles, do menos importante ao mais importante. Tanto pode solucionar problemas, como agravá-los, dependendo da sua competência e da sua boa vontade.

            Com as relações interpessoais, isto é, a relação com os miúdos e os seus encarregados de educação, posso eu bem e não me custa fazê-lo, mas os papéis… Isso é penoso! Por mais que os verifique há de haver sempre uma distração, até porque se for preciso leio o que quero e o que pensei e não o que ficou escrito…

Em casa, dizem-me constantemente que, normalmente, eu sou distraída e que, às vezes, concentro-me. Por isso é muito fácil encontrarem o azeite no frigorífico, o tomate triturado no armário e o espremedor das laranjas, o pincel de silicone e outros utensílios onde não era suposto estarem, já depois de desesperar por não os encontrar… Tenho o meu momento de fingir indignação, porque isto… Uma pessoa tem de manter a sua dignidade, ora bolas, vejam lá, já não pode alguém distrair-se… Já nem me ligam… Abanam simplesmente a cabeça e sabem de imediato quem é o autor do engano… De modo que números, grelhas e quadrados são um horror para quem tem a cabeça tantas vezes ocupada com palavras, pensamentos e versos…

                Deixemos, porém, estes meus desvarios sossegados, porque não são eles o motivo da crónica. Refletia sobre a informação que tinha de verter para avaliar os alunos no início até meio da minha carreira (já lá vão vinte e três anos). Concluo que a única vantagem é o facto de fazermos as atas e as pautas em computador, porque aquilo, quando havia um engano, Deus me livre! Mais um lençol manual, porque não podia haver rasuras… Um trabalho de minúcia que me esgotava, porque não me podia enganar nem nos números nem nas cores das canetas (vermelho para as faltas injustificadas), tudo contado e registado à mão, em papelinhos! Eu trazia logo três lençóis, porque não sei se alguma vez consegui fazer alguma pauta imaculada à primeira! Irra! As atas eram outro tormento, mas aí, paciência, lá vinha “o digo” e siga a banda!… De facto, hoje, este trabalho está bastante facilitado, mas como sobra tempo, logo se inventaram outros… Para avaliar um aluno, hoje, preciso de preencher uma grelha com seis separadores distintos e alguns destes também se encontram subdivididos com diversos parâmetros. Antigamente, eu fazia três contas, olhava bem para o número que daí resultava, pensava no aluno e na sua prestação e comportamento em sala de aula, com a ajuda de alguns registos e voilà, eis a nota! Hoje, para chegar ao mesmo resultado, em rigor, preencho entre 18 a vinte células para atribuir uma classificação. Há, atualmente, uma necessidade de quantificar tudo com rigor, mesmo o que não é quantificável… O que deve distinguir a atribuição de um sessenta ou de um sessenta e cinco no empenho, por exemplo? Não me venham falar em registos quotidianos das vezes que um aluno interrompeu a aula, se virou para trás, perturbou o colega, etc., porque ou trabalho com os meninos seriamente ou passo a aula a registar essas informações, tal a regularidade com que elas se repetem, especialmente no básico… Sabemos se o aluno é perturbador ou não, mas delinear se é para trinta e cinco ou quarenta é… Como dizer isto?... Por conta da perceção… Eu gosto mais de números redondos, por exemplo… Como se quantificam e medem dados de alguma subjetividade? Subjetivamente, como é óbvio… Não valeria mais assumi-lo?! É como me pedissem para quantificar o amor que tenho pelos filhos e o colocasse numa grelha, de acordo com certas variáveis. Por isso era bem mais fácil quando um aluno apresentava uma média objetiva de quarenta e cinco e ao analisar subjetivamente o saber estar (fraco, insuficiente, suficiente, bom e muito bom) podíamos decidir se essa percentagem se transformava num nível três ou permanecia nível dois. Justo e mais honesto, na minha perspetiva. Esta burocracia aparvalhada consome a alma de quem tem de a pôr em prática… Sem falar das medidas para todos os meninos que ficam aquém dos resultados pretendidos… Só hoje, já foram vinte e três papéis… Digitais, mas papéis…  Avaliaria mal naquele tempo? Não cumpriria com o que faço agora? Não me parece. Fazia de igual forma, só não ficava registado em lado nenhum, porque o professor está na sala de aula para trabalhar e assumia-se que assim fosse. Não é um papel preenchido que comprova o que quer que seja.

Na verdade, o sucesso aumentou e o abandono escolar tornou-se diminuto, mas saberão mais e melhor os nossos alunos?! Francamente, não sei dizer… Não escrevem melhor hoje do que antes… A prova está no que lemos nas redes sociais. Das gerações mais novas às mais velhas, aquilo é o degredo! A diferença é que os mais velhos têm o quarto ano e os mais novos o décimo segundo. São mais oito anos de escolaridade para uma escrita semelhante e isto deveria fazer-nos pensar… Ou assumimos que mesmo a língua materna é para ser mais falada do que escrita e, então, aceitamos tranquilamente o definhar anunciado da língua escrita de Camões ou algo deve mudar substancialmente… Nem o acordo ortográfico com a supressão grosseira dos “c” e dos “p” nos poupa ao descalabro!

Este é o argumento que utilizo quando me dizem que os alunos escolhem as humanidades por ser mais fácil. Respondo que essa facilidade explica o facto de a população portuguesa escrever tão bem a sua língua e de a escola estar recheada de ótimos alunos a Português! Já agora, um banho de latim, para além da gramática, também não faria mal a ninguém para perceberem as facilidades…

 

Nina M.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Crónica de Maus Costumes 258

 

O valor da amizade

                 Ser-me-á fácil escrever esta crónica. Nem todas são assim. Há textos que exigem mais pensamento. Esta sair-me-á toda do coração e será sentimento à flor da pele (deixem-me dizer que já me explicaram que os sentimentos e emoções não são irracionais e eu aprendi a lição). Talvez convenha também esclarecer a diferença entre emoção e sentimento. A primeira é uma reação a um estímulo ambiental e é de curta duração; já o sentimento é mais duradouro e pode ser desencadeado pela emoção.

            No último domingo, vivi emoções que permitiram o reavivar do sentimento de amizade. Encontrei pessoas que já não via há muitos anos, desde os tempos da universidade e, apesar de sempre me parecer que foi ontem, já lá vão 23 anos após a saída. O reencontro desabrochou a emoção da alegria, que permitiu a vivência da amizade. Senti-me como o gigante Pessoa, ou melhor, o seu Álvaro de Campos, e fui capaz de resgatar o passado e de trazê-lo na algibeira. Tal como ele, não o posso recuperar totalmente nem fundir-me nele, mas também não é esse o objetivo, porque tudo tem o seu tempo e a felicidade também tem o seu. Porém, ao evocar o passado, ocorre-me a pergunta do ortónimo: “E eu era feliz? Não sei:/Fui-o outrora agora”, com a diferença de saber que fui feliz outrora e agora, no preciso momento do reencontro, essa centelha brilhou. Julgo não me enganar se disser que a comoção varou-nos a todos. A alegria e o enternecimento genuínos por nos revermos foram notórios. E saímos, como todos afirmámos, de coração cheio e com vontade de prolongar e de repetir em tempo mais quente. As cinco horas souberam a pouco para curar a saudade.

Estes reencontros comportam riscos. Nenhum de nós é mais o mesmo. Todos crescemos, todos somos seres diferentes dos que se conheceram há mais de vinte anos e poderíamos pensar que afinal (e seria uma desilusão) já pouco tínhamos em comum. Se tal acontecesse, essa nova visão mancharia a memória… Não houve nada disso. Voltamos a ser o grupo que se reunia diária e invariavelmente no Café Universidade, no Metrópolis e na Ritmin. E foi tão especial rever-vos e sentir-vos intocados, apesar de tudo…

Encontrei a mesma tranquilidade no Armando, a mesma reserva (apesar de massacrado pela vida. Beijinho para ti); a mesma educação, o olhar malandro, mas terno do Zé; a alegria espontânea e marota do Banito; o sentido de humor oportuníssimo do Agostinho, que nos punha as entranhas a doer de tanto rir (creio, Tinoco, que deverias pensar em fazer “stand up comedy”. Tinhas futuro). Vê lá… Eu pagaria bilhete para te ir ouvir, depois de tantas borlas que já ofereceste! A simpatia e a alegria da doutora que adorava a praxe, mas que afinal não me praxou (as caloiras de Paços de Ferreira eram feitas de outra massa)! Agora, esquece, Isabel, perdeste a oportunidade. Se não foi então que me levaste para a prancha da Ritmin (Deus me livre! Morreria de vergonha!) também não será agora… Qualquer coisa, volto a engrampar alguém… Desculpa, Paulinha, foste um mero dano colateral… A Célia, a caloira tardia e simpática, mas que se adaptou rapidamente e que trabalhava no Até Tu e dava umas borlas à malta… A Isabel Soares, que não conheço tão bem, mas que se foi a eleita do coração do Tinoco, só pode ser boa rapariga… Faltaste tu, Bela, por impedimentos maiores, e foi uma pena, mas esperamos-te no próximo encontro.

Quero dizer-vos que sois as “minhas pessoas” da UTAD. Aquelas com quem partilhei anos de inocência, de ingenuidade e de felicidade, porque o meu olhar sobre o mundo ainda era límpido e não estava desesperançado da humanidade. Agradecer-vos o facto de sempre me ter sentido acarinhada por todos, por me ter sentido sempre protegida, enfim, por terdes sido a minha família na ausência dela. Era assim que vos via. Tinha a mania de colecionar tudo das pessoas de quem gostava e que cheguei a ter o meu quarto forrado a papéis com escritos vossos (na maioria parvos, diga-se) e que guardei por uma infinidade de tempo, até amarelecerem e não ter jeito nenhum guardá-los mais, porque se assemelhavam aos apontamentos envelhecidos, de Literários (aulas teóricas) da professora Laura Bolger (já nem me lembro se é assim que se escreve o apelido da senhora) e fazer um esforço descomunal para os pôr no lixo… Um grupo coeso e alegre, onde cabia a brincadeira, mas onde nunca coube a mesquinhez e, talvez por isso, continue a fazer todo o sentido falar de amizade, passados todos estes anos. Dizer-vos que muitas outras pessoas passaram por mim ao longo do meu trajeto, mas foram poucas as que se inscreveram com tamanha importância na minha memória e no meu coração e eu sei a razão: crescemos juntos uma data de anos, numa idade em que tudo ainda era possível, mas sobretudo, porque nunca nenhum de vós me feriu ou desiludiu.

O texto não é muito, mas é a melhor homenagem que vos consigo fazer, porque vos sou grata pelo tanto que me destes, porque me fizestes sentir sempre acarinhada. Escusado será dizer que é recíproco. Como diz a letra da música: “Para sempre no meu coração”.

 

Nina M.

Testamento


É para vós que escrevo, filhos,
Carne da minha carne
Sangue do meu sangue
Amor eterno além da morte
Além de qualquer existência
Único amor possível de sentido único,
Tomei a decisão de um dia ser cinza.
Não quero a podridão lassa e vagarosa do tempo
Não quero a sepultura desossada do meu corpo
Se é destruição, tornai-a rápida e indolor
Sem tetos sobre mim
Apenas o esparzir de cinzas como quem
Ingere ambrósia ao sol poente
Na magia de um dia feito
Não gosto de tetos baixos
Nem de espaços exíguos
Claustrofóbicos...
Espalhai-me sobre o mar calmo ou revoltado do entardecer
Sobre o verde de um qualquer bosque mágico
Criai a ilusão de que das cinzas surge a fénix
Devolvei-me à liberdade que a vida retira...
Liberto-vos da obrigação da visita tumular
Da colheita da rosa para pôr sobre o túmulo asfixiante e deprimente
Da pedra estanque e amorfa
Acabaria em tristeza e em nada
Seja eu espírito vivo em vós e por vós na palavra
Sem ritos ou mágoas ...
Apenas palavra sentida
Palavra rendida
Apagada na cinza do meu ser
Livre na vossa liberdade

sábado, 4 de dezembro de 2021

Crónica de Maus Costumes 257

 

Cinismo

Não sou cínica. Sei que não sou e jurei não me render ao cinismo e, no entanto, na sua versão camuflada, talvez ele aproveite qualquer brecha para se instalar no coração, por força da racionalidade que me assiste.

Não gosto do cinismo, porque ele corrói o ser humano, em última instância, pode torná-lo implacável e desesperançado e quem tem poesia a correr-lhe nas veias, sinónimo de beleza, ver-se tomado por ele, é perturbador. O cinismo é parente do pessimismo. Talvez seja o pessimismo levado ao extremo, por descrença no ser humano. Vês, Gabriela Torres, o motivo pelo qual a descrença no ser humano é pior do que um glúteo descaído? Contra a lei da gravidade que aflige as mulheres a partir de certa altura, não faltam sugestões de tratamentos. Em última instância, o silicone resolve (há quem diga que faz milagres em várias partes do corpo). Como nunca experimentei e sou demasiado forreta para torrar dinheiro em coisas dessas, não me resta outra solução além de me aceitar com o que a natureza me dotou e também com o que me deixou em falta e ver, sem grande remédio, a idade a atuar… Desde que os neurónios não fulminem… É tudo quanto desejo, porque no dia em que as sinapses deixarem de estabelecer as conexões devidas, morrerei, mesmo que esteja viva. Isso é mais preocupante do que os vários riscos na testa, os parênteses do sorriso e a flacidez da carne. Interrogo-me como será para quem vive muito obcecado com o envelhecimento, porque um dia, por mais invenções extraordinárias que surjam, a velhice também chegará e deve ser um sarilho pensar que todo o esforço para manter a juventude foi em vão e que já não há cirurgia plástica que resolva tamanho drapeado nas pernas, nas costas e nos braços. Isto se vivermos até lá, obviamente… De maneira que tento ocupar o tempo e a razão com a substância que me possa nutrir também na velhice. Apodreça o corpo, mas não apodreça a alma! O que acabei de escrever não é cinismo. Considero realismo, não vislumbro nem uma pontinha de pessimismo. Se o encontrarem, será caso para dizer que a culpa é do tempo. Faz coisas destas à juventude…

Dizia, então, que o cinismo começa com a descrença e é o que eu sou. Uma descrente na humanidade, porque só um ingénuo ou um idiota pode considerar a humanidade bela.  Escuso-me a dar exemplos. Desde sempre assistimos à maldade e à crueldade entre os semelhantes da nossa espécie, em nome do poder, do dinheiro e da paixão (não digo Amor, porque este tem de, forçosamente, excluir toda a maldade). E isto incomoda-me terrivelmente, incompreensivelmente. É doloroso constatar que o que me parece tremendamente evidente não o seja para todos e a clarividência faz-se disto: entre escolher o bem ou o mal do outro, devo optar pelo primeiro. Porém, a jornada coletiva observada é desoladora, quer nas relações mais próximas, quer nas relações globalizantes de que o mundo de hoje é feito. Perante a perda do olhar virginal perante o globo, a descrença instala-se. Esta instalou-se há muito, mas tento evitar o cinismo, ainda que a espaços ele me visite. Combato-o com a crença de que a humanidade está falida, mas de que ainda há exemplos de homens bons que, às vezes, mudam o curso da História. Ocorrem-me vários: desde logo Cristo (podemos questionar se fez ou não milagres ou se a sua fecundação foi divina, mas Zeus também se transmutou em chuva de ouro para amar Dánae, engravidando-a de Perseu, o valente que matou a Medusa… Tudo é possível), contudo, não podemos duvidar da sua nobreza de alma; este é o mais exemplar dos homens, todavia, há ainda Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá, Aristides de Sousa Mendes, Oskar Schindler… Todos com as suas pequenas misérias morais, no entanto, enormes! (Quase vencia a tentação de citar Pinto da Costa, mas afinal, não!) Estou só a brincar, obviamente… Mas se me perguntam: “Quem é verdadeiramente grande? É o primeiro nome que me ocorre, mas sei que não… É só o meu portismo a falar…

Certamente, outros mais anónimos terão escolhido dar o seu contributo à sociedade e são eles (podeis excluir o Pintinho e incluir uma lista de escritores que me consolam) que permitem ainda a centelha de esperança e trancam as portas ao capeta cínico e o expulsam. São eles que me fazem pensar que alguns homens, poucos, mas alguns, ainda valem a pena. Essa meia-dúzia justifica a humanidade inteira.

Nina M.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Amizade

 Não sei se sei poetar

Assim por entre lágrimas

Levada pela emoção

Levada pelos amigos

Levada pela mão


Não sei se sei poetar

ou fazer-vos o canto justo

Mas sei o quanto vos fizestes amar

Num tempo que ficou atrás

Tempo que corre injusto


Fotografias de um tempo nosso

De um tempo que já lá vai

Ao olhar-vos sei da amizade 

A que fica cá dentro e não sai

Seja qual for a idade


Eu, que aprendi com o tempo,

A nada deixar por dizer

Sabei que fostes irmãos

A quem não posso esquecer

Meus amigos anciãos...


Tenho tanto a agradecer!