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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 49



            A vida dos professores é feita de mudança e avizinha-se um novo recomeço, para alguns positivo e para outros menos agradável e até difícil de digerir. Sei que após a revolta inicial, os desabafos e a tristeza por, em muitos casos, terem que se afastar da família e organizar uma nova vida com parcos rendimentos, o professor vencerá e entrará na sala de aula para dar o melhor de si aos seus alunos. A maioria dos professores é assim. Se já reconheci alguns defeitos da classe, também sou capaz de lhe reconhecer as virtudes e uma delas é a resiliência. Os professores são os seres humanos mais resilientes que eu conheço! São loucos, corajosos e generosos com os seus alunos. Pena que a sociedade não lhes reconheça o valor e esteja sempre de dedo em riste para lhes apontar os erros.
Ciclicamente, as escolas vão-se renovando e o corpo docente muda. Há vinte anos, saltitar de escola em escola não me causava transtorno, conhecia pessoas novas, acumulava novas experiências e sentia por dentro as novas terras que ia juntando ao currículo, porém, passados vinte anos, voltar ao lugar onde nos sentimos em casa e verificar que a casa não é mais a mesma é estranho. Os que ficam também têm esta  sensação e deixam escapar o desabafo “lá vamos ter que começar de novo” e este começar de novo é mais do que iniciar o trabalho, é sobretudo criar afetos. Trabalha-se melhor quanto mais nos sentirmos bem. Os professores passam tanto tempo juntos e tendo que trabalhar em colaboração é normal que criem laços de verdadeira amizade. Assim, regressados ao local de trabalho, há os abraços apertados dos que se reencontram e uma tristeza expressa no olhar pelos que já partiram. Todos sabem que é normal e que daqui a três meses as coisas já se compuseram e no final do ano será já uma grande família, mas que se sente falta dos que já não estão é uma verdade irrefutável.
A minha escola, hoje, não era exatamente a minha escola, apesar de ser a mesma, até novas colocações. Desejo as maiores felicidades aos que rumaram para um novo recomeço. Quero que sejam muito felizes, independentemente da distância a que se encontrarem do lar e saibam que o nome de muitos foi referido com tristeza pela perda, mesmo que tenha sido para ficarem mais próximos de casa. O coração humano é sempre um bocadinho egoísta! Excelente ano letivo para todos. Havemos de nos encontrar por aí, numa escola qualquer.
Nina M.


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