A
vida dos professores é feita de mudança e avizinha-se um novo recomeço, para alguns
positivo e para outros menos agradável e até difícil de digerir. Sei que após a
revolta inicial, os desabafos e a tristeza por, em muitos casos, terem que se
afastar da família e organizar uma nova vida com parcos rendimentos, o
professor vencerá e entrará na sala de aula para dar o melhor de si aos seus
alunos. A maioria dos professores é assim. Se já reconheci alguns defeitos da
classe, também sou capaz de lhe reconhecer as virtudes e uma delas é a
resiliência. Os professores são os seres humanos mais resilientes que eu
conheço! São loucos, corajosos e generosos com os seus alunos. Pena que a
sociedade não lhes reconheça o valor e esteja sempre de dedo em riste para lhes
apontar os erros.
Ciclicamente, as escolas vão-se
renovando e o corpo docente muda. Há vinte anos, saltitar de escola em escola
não me causava transtorno, conhecia pessoas novas, acumulava novas experiências
e sentia por dentro as novas terras que ia juntando ao currículo, porém,
passados vinte anos, voltar ao lugar onde nos sentimos em casa e verificar que
a casa não é mais a mesma é estranho. Os que ficam também têm esta sensação e deixam escapar o desabafo “lá
vamos ter que começar de novo” e este começar de novo é mais do que iniciar o
trabalho, é sobretudo criar afetos. Trabalha-se melhor quanto mais nos
sentirmos bem. Os professores passam tanto tempo juntos e tendo que trabalhar
em colaboração é normal que criem laços de verdadeira amizade. Assim,
regressados ao local de trabalho, há os abraços apertados dos que se
reencontram e uma tristeza expressa no olhar pelos que já partiram. Todos sabem
que é normal e que daqui a três meses as coisas já se compuseram e no final do
ano será já uma grande família, mas que se sente falta dos que já não estão é
uma verdade irrefutável.
A minha escola, hoje, não era exatamente
a minha escola, apesar de ser a mesma, até novas colocações. Desejo as maiores
felicidades aos que rumaram para um novo recomeço. Quero que sejam muito
felizes, independentemente da distância a que se encontrarem do lar e saibam
que o nome de muitos foi referido com tristeza pela perda, mesmo que tenha sido
para ficarem mais próximos de casa. O coração humano é sempre um bocadinho
egoísta! Excelente ano letivo para todos. Havemos de nos encontrar por aí, numa
escola qualquer.
Nina M.
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