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domingo, 1 de abril de 2018

Crónica de Maus Costumes 35



O Homem é um ser pluridimensional: é corpo, mas também é espírito e transcendência. Hoje, foi um dia grande para Portugal, que recebeu a visita do Santo Padre, no Santuário português, mas que também pertence ao mundo cristão. Independentemente da crença ou falta dela, não se fica indiferente à moldura humana que embeleza o local por meio da sua fé.
Num documentário recente de Morgan Freeman sobre a origem de Deus e das religiões, após um périplo pelas várias crenças (cristianismo, judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo, entre outras…) este concluía que todas elas funcionam como uma espécie de código de conduta para manter o ser humano no trilho do bem, afastando-o do mal. Para umas, o bem e o mal estão representados em entidades externas: Deus e Diabo, que podem influenciar o comportamento do Homem, enquanto para outras, o bem e o mal coexistem dentro dos seres. Seja como for, há uma visão transversal: a necessidade de o ser humano escolher o bem e a esperança na redenção. Pelo meio do programa, foi apresentado um testemunho de um ex-skinhead, que admitia a sua incursão pelo caminho do mal, apenas porque sim, o momento da epifania, após ter sido pai e o reconhecimento do mal que infligiu a outros. Suportava estoicamente as dores da remoção das inúmeras tatuagens como parte do processo da cura da sua alma. Perante este facto, Freeman conclui que há esperança para o ser humano.
De qualquer forma, todas as religiões propõem ao Homem o aperfeiçoamento contínuo da sua essência. Eu, que crente me confesso, sinto-me confortável com a presença da luz que nos indica o caminho. Gosto da proposta permanente que nos convida a revisitar-nos por dentro, no reconhecimento da nossa imperfeição, mas com o olhar posto no exemplo do alto que nos diz ser sempre possível melhorar. Gosto do manto protetor do Pai e da Mãe que nos acolhem nos tropeços e nos relembram da nossa missão. Gosto da esperança no ser humano e na crença de que este, por pior que seja, pode sempre converter-se ao bem, ainda que tudo indique o contrário.
Na realidade, a esperança é fundamental para o ser, para que este possa reerguer-se e fazer o seu caminho. É a esperança de que o bem pode ser maior do que o mal que permite que o Homem continue a defender valores universais indispensáveis à boa coabitação. É verdade que se cometem demasiadas atrocidades, parece que a banalização do mal se instalou desde os primórdios entre os homens e que não faz intentos de se retirar, mas também é verdade que no horror houve e há sempre a mão de alguém de boa vontade.
Seria bom que Fátima, santuário cristão, mas principalmente local de recolhimento e de encontro, possa simbolizar a união do homem com a fraternidade e o melhor de si, a sua espiritualidade. Movidos pela fé ou apenas pela filosofia humanista, que cada um se queira aperfeiçoar para deixar o seu melhor legado ao outro. Só assim haverá uma sociedade mais justa, mais digna, mais feliz e verdadeiramente humana.
Bem-haja, Papa Francisco!
   Nina M.

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