O Homem é um ser pluridimensional: é
corpo, mas também é espírito e transcendência. Hoje, foi um dia grande para
Portugal, que recebeu a visita do Santo Padre, no Santuário português, mas que
também pertence ao mundo cristão. Independentemente da crença ou falta dela,
não se fica indiferente à moldura humana que embeleza o local por meio da sua
fé.
Num documentário recente de Morgan
Freeman sobre a origem de Deus e das religiões, após um périplo pelas várias
crenças (cristianismo, judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo, entre outras…)
este concluía que todas elas funcionam como uma espécie de código de conduta
para manter o ser humano no trilho do bem, afastando-o do mal. Para umas, o bem
e o mal estão representados em entidades externas: Deus e Diabo, que podem
influenciar o comportamento do Homem, enquanto para outras, o bem e o mal
coexistem dentro dos seres. Seja como for, há uma visão transversal: a
necessidade de o ser humano escolher o bem e a esperança na redenção. Pelo meio
do programa, foi apresentado um testemunho de um ex-skinhead, que admitia a sua incursão pelo caminho do mal, apenas
porque sim, o momento da epifania, após ter sido pai e o reconhecimento do mal
que infligiu a outros. Suportava estoicamente as dores da remoção das inúmeras
tatuagens como parte do processo da cura da sua alma. Perante este facto,
Freeman conclui que há esperança para o ser humano.
De qualquer forma, todas as religiões
propõem ao Homem o aperfeiçoamento contínuo da sua essência. Eu, que crente me
confesso, sinto-me confortável com a presença da luz que nos indica o caminho.
Gosto da proposta permanente que nos convida a revisitar-nos por dentro, no
reconhecimento da nossa imperfeição, mas com o olhar posto no exemplo do alto
que nos diz ser sempre possível melhorar. Gosto do manto protetor do Pai e da
Mãe que nos acolhem nos tropeços e nos relembram da nossa missão. Gosto da
esperança no ser humano e na crença de que este, por pior que seja, pode sempre
converter-se ao bem, ainda que tudo indique o contrário.
Na realidade, a esperança é fundamental
para o ser, para que este possa reerguer-se e fazer o seu caminho. É a
esperança de que o bem pode ser maior do que o mal que permite que o Homem
continue a defender valores universais indispensáveis à boa coabitação. É
verdade que se cometem demasiadas atrocidades, parece que a banalização do mal
se instalou desde os primórdios entre os homens e que não faz intentos de se
retirar, mas também é verdade que no horror houve e há sempre a mão de alguém
de boa vontade.
Seria bom que Fátima, santuário cristão,
mas principalmente local de recolhimento e de encontro, possa simbolizar a
união do homem com a fraternidade e o melhor de si, a sua espiritualidade.
Movidos pela fé ou apenas pela filosofia humanista, que cada um se queira
aperfeiçoar para deixar o seu melhor legado ao outro. Só assim haverá uma
sociedade mais justa, mais digna, mais feliz e verdadeiramente humana.
Bem-haja, Papa Francisco!
Nina M.
Sem comentários:
Enviar um comentário