No silêncio envergonhado
Onde a palavra se desvela
Na inquietude reprimida
Que um leve suspirar revela
Vem de mansinho a visão
De um fragmento de ser perdido
No meio da imensidão
Mas no fugidio arrebatamento
De um toque lento de olhar
Vislumbra a alma luzidia
Emoção no despertar
E cumpre Orfeu a missão
Num canto belo e urgente
Para Eurídice resgatar
Aos baixios da prisão
Mas não cumpre o preceito
Não evita a devoção
Olha-a com deleite
Preso à sua paixão
E no moroso agoniar
Em que vai compondo os versos
Sabe não poder calar
Seus sentidos submersos.
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