Quando
o amor chega ao fim, não deve acabar nem a dignidade nem a delicadeza. O
verdadeiro caráter vê-se nesses pequenos grandes gestos de magnanimidade. Saber
reconhecer a culpa por não se ter sido capaz de manter o amor e pedir perdão
pelo sucedido, não é sinal de fraqueza, mas antes de magnificência.
Já é
penoso o suficiente para o abandonado ter de resistir à dor da perda e
conseguir manter a autoestima, assim, quem sai que deixe o coração do outro
deserto de tudo. Pode ficar vazio pelo amor que colapsou, mas que fique também
vazio de raiva e de desprezo.
Os
subterfúgios enganosos e mentiras piedosas não contribuem para o bem-estar do
ser que já se amou. Antes o iludem e prolongam uma esperança infundada que só
trará dor. Usar de manipulação para fazer sentir quem se deixa culpado pelo
insucesso do relacionamento, é vestir a pele de um menino de cinco anos que não
gosta de assumir a culpa que é sua e que tenta enganar o outro e a si mesmo.
Se o
amor que deixou de ser já foi significativo na nossa vida, não pode ser destratado
e pisado de forma tão torpe e funesta.
Há
palavras escusadas e que deveriam ser proibidas, porquanto podem infecionar a
ferida aberta. Não se diz a quem não se quer mais que os últimos tempos foram
apenas de mera diversão ou de sofrimento ou de mero cumprimento de “obrigações
conjugais”, expressão por si só absolutamente odiosa, já que o amor não pode
ser uma obrigação, mas antes uma entrega que se quer fazer. Não se pode querer
ferir de morte aquele que um dia já se amou! A isso chama-se crueldade. É
desnecessário e, francamente, para quem assiste de fora, é degradante. Diz
muito mais sobre quem abandona do que aquele que é abandonado.
Para
estes últimos, um pequeno conselho: nunca mendiguem amor, porque ninguém merece
apenas migalhas… Se quem estava quis sair é porque não merece a nossa afeição. Dói,
mas passa. O tempo, por vezes, é um remédio maravilhoso! E quando se recupera
da queda, levantamo-nos mais fortes, confiantes e atraentes. Podem estar certos
de que a luz atrai luz e chegará o dia em que se olha para trás e apenas se vê
uma experiência mal sucedida que contribuiu para o nosso desenvolvimento
interior.
Tu,
que me pediste um texto sobre a tua desventura, podes estar confiante que um
dia não assim tão longe deixará de doer e o brilho assomará aos teus olhos por
perceberes o teu incomensurável valor e o favor que te fizeram ao sair da tua
vida, mesmo que de forma vil!
Nessa
altura, ufanamente pensarás o quanto ele perdeu e que se te desperdiçou de
forma agreste, no propósito de te ferir, a natureza não o deve ter favorecido nem
em inteligência nem em caráter. Antes assim. Deixá-lo partir para não mais
voltar…
Nina
M.
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