Parafraseando Manuel Machado: um vintém é um vintém e um cretino é um cretino
Não consigo deixar de me indignar com
certos acontecimentos do país e que vão sendo noticiados pelos meios de
comunicação social. Não se trata de uma indisposição ligeira, mas de uma náusea
feroz com revolução estomacal que me afeta e leva tempo a serenar. Não serenou.
Irei repetir-me, porque ainda na
semana passada abordei o assunto. Segundo notícia do expresso, o professor da
Universidade Nova de Lisboa, Francisco Aguilar, julga que o feminismo é
comparável ao nazismo e que, passo a citar, “deve-se encarar a advocacia dita
‘de género’ ou de ‘violência doméstica’ não como Direito mas como torto contra
a família”. Ao que parece, a instituição em causa foi cúmplice destes
desmandos, pois nunca colocou entrave aos dislates, tentando abafar o caso. A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas já
se pronunciou sobre o teor do programa em questão, considerando que “viola a Constituição da República e a Lei Internacional por atentar de forma
direta e intensamente discriminatória contra os Direitos Humanos das Mulheres”.
Este mesmo senhor está envolvido num processo, acusado de violência doméstica,
por agressão verbal, por expulsar a companheira de casa a meio da noite sem
explicação plausível, apenas porque a mulher usava vestidos justos ou máscara
de pestanas. Apesar do despacho de acusação do Ministério Público sobre as
agressões e sobre os insultos, a juíza não considerou que “tivesse existido
abuso de poder nas condutas de Francisco Aguilar em relação à queixosa”, tendo,
durante o julgamento, tranquilizado o réu com a garantia de que ela (juíza) não
era feminista!
Como não ferver perante isto? Só não
posso verbalizar com toda a frontalidade o que penso destes dois senhores
doutores da lei para não ser acusada de inflamar ódios e incitar vinganças, mas
posso garantir que o que me passa pela cabeça e o que gostaria de lhes ver
acontecer não é bonito. Ira! Pura ira! Um dos sete pecados capitais e eu
pecadora me confesso. Ele é um homem jovem e instruído, deveria ter outra
educação e outra formação assente em pilares promotores da justiça, da
igualdade e da humanidade. Quanto à juíza, mulher, não a desculpo e não engulo
tal sentença. Espero que a vítima consiga recorrer para outras instâncias. Quanto
à sra. doutora, se pensa que o feminismo é dispensável, talvez seja melhor
rodar os calcanhares e enfiar-se na cozinha, porque, afinal, segundo o machismo
deplorável, esse é o lugar da mulher. O que faz ela numa sala de tribunal?!
Como é possível uma mulher não ter empatia por outra que é vítima de maus
tratos?! O que quer que seja que preside estas ações põe em causa séculos de
luta! Representam um retrocesso inaceitável! Não seria caso de rever a
capacitação da senhora juíza para o cargo que exerce?! Quem avalia os senhores
juízes? Como confiar na justiça que protege os prevaricadores e escalpeliza a
vítima, já de si fragilizada? E quem pensou nos interesses da criança, fruto
deste relacionamento tóxico?!
Quanto ao professor Francisco
Aguilar, deixo-lhe um pequeno conselho para resolver os seus problemas de
insegurança. O comportamento violento contra a companheira parece-me que só
deixa a descoberto o ciúme doentio e o medo profundo de ser rejeitado. Antes que
ela o fizesse, chegou a abrir-lhe a porta do carro para a deixar numa zona de prostituição,
junto “das suas colegas”. Talvez não tenha reparado, mas tal observação fará de
si um proxeneta! Talvez seja melhor que da próxima vez arranje uma mulher que aceite
envergar uma burka para se mostrar apenas ao diligente marido! Veja lá se aprende
o que consigna a Constituição Portuguesa,
já que é do seu ofício e se aceita que a mulher é um ser humano absolutamente independente
e nem o casamento a torna posse de alguém! Poderá ficar só e apenas enquanto quiser,
assim como vestir-se como quiser, maquilhar-se como quiser e relacionar-se como
e com quem quiser! Está no seu pleno direito, tal como o homem! O que é difícil
compreender?! A psiquiatria talvez resolva.
Viva
a liberdade! Viva a igualdade de género!
Nina M.
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