No baloiço amarelo ao fundo do quintal
Vigio os silêncios perdidos da infância
Escondidos na penumbra da luz crepuscular
Erguem-se vozes agudas às vezes gritos
E a miudagem corre desabridamente
Nessas brincadeiras inocentes que trazem vida
Vigio, agora, todos os silêncios da infância
E o cheiro a mosto do outono e das castanhas
Inebriam o ar e os sapatos gastos soltam os ouriços
Há frémito e danças sob o fraco sol em declínio
As primeiras chuvas empoçam a terra
Há saltos na água lamacenta suja e escura
Há risos estridentes e cheiro a terra molhada
Campeonatos alegremente inventados
De sorvedouro de águas paradas da chuva
Sobre o gradeamento verde do jardim
Sente-se o primeiro frio que eriça a pele
Vigio sentada no baloiço amarelo
Os silêncios inexistentes do passado
São todos de hoje e convergem-se para mim
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