Mulher
Morreu Ruth
Bader Ginsburg (RBG). Antes
do seu falecimento, a juíza ainda teve tempo para manifestar a sua opinião
relativamente à sua substituição no Supremo Tribunal norte-americano: só deverá
ocorrer após as eleições, lembrando que o anterior Presidente Obama, noves
meses antes das eleições, não substituiu um dos juízes. A menos de dois meses
das presidenciais, veremos se Trump terá a mesma hombridade. Dignidade e
caráter devem revelar-se sempre e não só quando dá jeito. Veremos se o ainda
presidente resiste à tentação de nomear um juiz republicano para um cargo que é
vitalício, por interesse partidário.
RBG
foi escolhida pelo ex-presidente Clinton, mostrou-se uma indefectível defensora
de causas nobres como a igualdade de género, os direitos das pessoas com
deficiência, os direitos dos imigrantes, entre outras, sempre com inteireza e
coragem. Os Estados Unidos da América ficaram empobrecidos, hoje. Todas as
mulheres do mundo perderam um bocadinho de si também. A sua chegada a um cargo
de enorme relevância num dos países mais influentes do mundo é um sinal
positivo e um exemplo. A mulher pode e deve ter um papel igual aos dos homens,
se essa for a sua vontade e se a sua competência e as suas qualidades assim o
justificarem. Em pleno século XXI estamos longe de alcançar a igualdade de
género. Continua a ser imprescindível lutar pela causa e desmistificar
preconceitos, tantas vezes perpetuados pelas próprias mulheres, vítimas de
fatores culturais e educacionais.
Desde
sempre é assim, mas no mundo de progresso de hoje, onde prolifera o
conhecimento, a ciência e a tecnologia, é vergonhoso. A luta não está ganha e
não é uma luta de mulheres, mas de todos! Não podemos permitir que os homens
que parimos, que albergamos nas entranhas e de quem cuidamos, nos olhem com
superioridade. Sem a mulher, a sua existência não seria viável e o nosso papel
é bem mais preponderante do que o de simples parideiras! Respeito, exige-se!
A
condenação da fêmea começou cedo: Pandora, a devassa que libertou os males no
mundo; Lilith, a primeira Eva que não se subjugava a adão e que foi expulsa do
paraíso, a mãe de mil demónios; depois Eva, a que foi feita da mesma carne do
companheiro, que se mostrou dócil, mas que instigou Adão à desobediência, convencendo-o
a comer a maçã. Como se Adão não fosse capaz de decidir por si! Em última
instância, atribui-se a Eva a responsabilidade do pecado original: a cobiça e a
desobediência à vontade divina. Depois, houve Lot ou Ló, se preferirmos, e as
suas duas filhas que o embriagaram e se deitaram com o próprio pai em nome da
perpetuação da sua geração, de onde nasceria, mais tarde, o Messias. Na
narração, minimiza-se o papel de Lot, que embriagado, não sabia o que fazia…
Como disse Júlio Machado Vaz, no seu primeiro programa televisivo sobre sexualidade,
se Lot não soubesse o que fazia, também não teria sido capaz de uma ereção. Tal
ousadia, num país ainda tacanho e cheio de tabus, fez com o seu programa fosse
relegado para a uma da manhã. Tal pena! Muito teria servido para a educação
sexual dos portugueses. Quem sabe se parte deles e sobretudo delas não teriam
tido uma vida íntima mais satisfatória e agradável.
Há
muito por fazer ainda por esse mundo fora. A mulher tem de ser entendida como
um ser com os mesmos direitos e os mesmos deveres de um homem! Não precisa da
autorização de ninguém para viajar ou para conduzir, para estudar, para
trabalhar ou seja para o que for e tem o mesmo direito ao prazer que o homem,
logo a mutilação genital feminina e outras práticas hediondas são uma violência
e uma crueldade que apenas manifestam a ignorância de quem as defende e de quem
as pratica. Haja legislação que regulamente estes desmandos e haja educação
para que se entenda, para que a própria mulher compreenda que ela também é gente!
Nina
M.
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