De olhos alagados e postos no alto
Procura o seu Senhor que afinal partiu
Imaterial e eterno a vencer a morte
Comovida trágica desvela
Dor e saudade de alvura cobertas
Com a sua nívea mão
A blusa alva fina e translúcida
Descobre-lhe o corpo
Insinua os túrgidos seios fartos
Numa tristeza promissora
De quem não abandona a natureza
De uma alma inocente e sedutora
Memento mori, Madalena Penitente,
O Livro Sagrado sobre a escura caveira
Sinal da humana e torpe finitude
Largado o vaso dos unguentos
Servirá de seu perfume de seu veneno
Absorvido por todos os seus poros
Não passa sem beber o cálice
A transbordar sensualidade
Expia os pecados e os seus medos
Bela amante do Cântico dos Cânticos
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