Ouço a voz profunda de Orfeu
Sai cavernosa do fundo da alma
Dela extrai o canto magoado
Doce veneno que alguém lhe deu
Perscruto-me e procuro o meu canto
A poesia em palavras
Que me sirva de manto
Doce revoltado resignado ou puro
E este inócuo tempo perjuro
Sem horas ou dias de mágico encanto
Todos os dias parecem iguais
Olho o céu para desvendar sinais
Brisa arisca e silêncios já banais
Sem voz não há qualquer alento
Para alegrar a minh'alma e os demais
Estranha ilusão então se entranha
Na verdade é tempo que ninguém ganha
Esconde-se nas horas agitadas
Feito de promessas erradas
E sempre como é seu costume
Quando se o sente já voou
O tempo em que nada mudou
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