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domingo, 12 de abril de 2020

Dor

Sinto os olhos pesados
O coração dorido
As pálpebras carregam 
O peso do mundo
E o olhar não brilha
(Falam-me tanto do meu brilho
Da alegria manifesta nos olhos)
Apaga-se e é baço
Hoje é dia de alegria...
Hoje é dia de alegria...
Não a sinto
Olho as crianças
Inocentes, puras
Tão ingénuas!
Inconscientes felizes
Para quem a morte 
Breve intermitência
Não espanta ou enraivece
É Páscoa, mamã!
E os ovos de chocolate amargam
E o pão de ló que não voltou a ser o mesmo...
(Só a minha tia o sabia fazer...
Mesmo com receita copiada
E o forno de lenha...
Faltam-lhe as tuas mãos, tia,
E o teu coração também)
Nem assim a ressurreição consola
Não a vemos
Não a sentimos
É desejo incerto 
Possibilidade ou quimera
Nem o horrível gesto 
De fazer adormecer o corpo na terra
É possível acompanhar...
E tenho que deixar partir mais um
Não pediu licença, porque não queria ir
Sem aviso!
Até sempre!





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