Lembranças…
Há lembranças boas que vêm ter
connosco quando menos esperamos. Hoje, há pouco, fui surpreendida com uma
galeria de fotos de há mais de vinte anos de um espaço que frequentei bastante
nos meus tempos de juventude, enquanto estudante universitária: Ritmin.
Curiosamente, já tinham partilhado
essa foto comigo (há tempos) e, no outro dia, em arrumações, veio-me parar às
mãos… Momentos partilhados com muita gente que gostava de frequentar o mesmo
local que eu!
É bom quando nos deparamos com esses
instantes cristalizados, geradores de nostalgia. A vida de todos seguiu o seu
curso natural. Somos um grupo de pessoas que não se encontra há mais de vinte
anos, nalguns casos… Seremos todos pessoas diferentes. Crescemos e evoluímos.
Ninguém permaneceu igual, certamente. Faz parte do nosso desenvolvimento e, no
entanto, é curioso verificar como o sentimento de pertença a um tempo
partilhado e vivido em comum impera. O sentimento de pertença a uma memória.
Decorre
um direto com o DJ do nosso tempo que, numa produção caseira, faz correr as
músicas que ouvíamos ao longo da noite. Invariavelmente terminará com o
“Vitinho” a lembrar que é hora de dormir, apesar de o dia clarear.
Como não sentir saudade do tempo em
que a vida mal despontara e as responsabilidades eram tão poucas? A época em
que se é feliz sem ter consciência disso e talvez, por isso mesmo, pela
ausência de consciência, diria Pessoa, se é tão feliz… A vivência na leveza sem
conhecer e sentir ainda o peso mundo?
E os “gosto” e os “adoro”
no facebook são mais que muitos! Não fui a única a ser feliz ali! Julgo mesmo
que éramos todos muito felizes à época!
Na verdade, fui imensamente feliz na
faculdade. Muito mais do que no Secundário e consegui conciliar a brincadeira e
a diversão com a responsabilidade que sempre me foi imposta do cumprimento do
meu dever. Não sou mais a mesma. Hoje não teria tanta disponibilidade para uma
noitada imensa com a música a desrespeitar os decibéis aconselháveis… Na
verdade, desenvolvi uma intolerância considerável ao ruído e gosto de apreciar
o silêncio. Se é para confraternizar que seja num grupo pequeno e intimista, no
conforto do lar, acompanhados por um bom vinho, bons petiscos e uma boa
conversa. Sempre gostei de uma boa conversa e isso não mudou desde a juventude,
com conteúdo interessante e que me prenda. O que mudou talvez foi a minha
exigência, que surgiu com a maturidade. Uma noitada inteira de anedotas,
apenas, perdeu a piada. Movem-me outros assuntos, outros interesses…
Todos crescemos e nos tornamos ligeiramente
diferentes, mas os bons momentos vividos em determinada altura e que se inscreveram
na alma ficam para sempre. Há pessoas que carrego comigo pela importância que tiveram
em determinada fase da minha vida, mesmo que não partilhemos mais os mesmos espaços.
Aprendi, cresci e fui convosco. O que hoje sou não é quem já fui apenas, mas também
o que sou hoje. Porém, o que sou hoje não seria sem o que já fui e muita gente fez
parte desse passado e deixou o seu legado. Se assim não fosse, não haveria nostalgia.
Imensamente grata.
Nina M.
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