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quarta-feira, 8 de abril de 2020

Páscoa

Se a chuva que bate na vidraça
Embacia o meu olhar
Raso de água
Serão as gotículas 
Escorrem vidro abaixo
E eu sinto-as nos olhos
Em névoa e em vão
Procuro a lua 
Quero o seu brilho frio e distante
O luar que ilumina mas não aquece
Enternece as almas desprevenidas
Da cidade
Alguém não regressa hoje
Amanhã será ninguém
Seres amontoados e inertes
Reduzidos a nada
Nem pó da terra são ainda
E a Páscoa chegará tarde
Porque partiram cedo de mais
Sem Páscoa
São Cristo rejeitado na sua desventura
Os três dias são longínquos
E o túmulo vazio só 
Porque ainda não chegou o dono
Ele virá, virá
Surgirá talvez na manhã húmida
Mas não será Páscoa ainda

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