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sábado, 14 de setembro de 2019

Crónica de Maus Costumes 147


As surpresas da vida

Esta semana fui caracterizada com alguma frequência com dois adjetivos: louca e corajosa. Refletindo serenamente nenhum dos dois se adequa.
O motivo reside no facto de termos decidido acolher uma jovem estudante italiana. Seremos os seus tutores ou pais adotivos durante este ano letivo. Exige responsabilidade, como é óbvio, e talvez por isso a loucura e a coragem sejam as duas palavras que ocorreram prontamente a quem o soube. Nunca neguei a minha boa dose de loucura! Coragem… Só às vezes… Porém, não se trata nem de uma coisa nem de outra. A AFS (associação que promove a interculturalidade entre os jovens) trata do essencial. Tudo é feito com organização e zelo. Na verdade, a decisão não requer, por isso, grande coragem. Exige, no entanto, outro pressuposto: vontade de acolher, de ser afetuoso e de amar. A partir do momento que a decisão foi tomada, restou-nos tratar de tudo para que a nossa nova menina se sinta em casa. Ainda não a conhecemos, mas acontecerá muito em breve e estamos todos ansiosos. A alegria dos meus filhos, que querem ter uma mana adotiva durante um ano e que será, com toda a certeza, para uma vida, mesmo que a distância física se imponha, é genuína e comovente.
Há afeto de sobra em minha casa e orgulho-me disso. Aos meus filhos não lhes chegam os primos nem amigos, gostam de ter sempre a casa cheia e quando lhes foi colocada a possibilidade de acolherem uma jovem durante um ano, rejubilaram de felicidade, com manifestações inequívocas de satisfação. Vivemos o estado dos que sabem que vão ser pais. Ainda não conhecem a criança, mas já a acolheram com todo o amor. Depois, o afeto gera afeto e quanto mais se repassa mais ele cresce e se torna numa fonte inesgotável. Gosto genuinamente de acolher e acredito que a felicidade de dar é maior do que a de receber. É uma oportunidade de promover o intercâmbio cultural aos meus pequenos. Aprenderão a respeitar, a conviver e a valorizar as diversidades culturais, a querer bem a quem é diferente, a receber influências de uma cultura e de uma língua que admiro e estimo, sem saírem de casa. Parece-me, portanto, que teremos muito a ganhar e bem pouco com que nos preocuparmos. Será uma experiência única e enriquecedora para todos. Saber fazer das diferenças laços é essencial. Será um ano diferente, com quebra de rotinas e adaptação a uma nova realidade. No final, farei o balanço que será muito positivo para ambas as partes, com toda a certeza.
O amor que vem do coração é tão bom quanto o que vem do ventre.
Benvenuta, Gaia!

Nina M.




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