Silveirices e infortúnios
Fosse eu Ricardo Araújo Pereira e
teria matéria de sobra para fazer uma excelente rubrica para a Mixórdia de Temáticas.
Descobri por estes dias o verdadeiro
significado de pessoas tóxicas referenciadas, inúmeras vezes, em artigos
manhosos de psicologia e autoajuda. Porém, apesar de algum manifesto
preconceito, devo dar-lhes razão. Pessoas com esse traço distintivo de carácter
conseguem indispor quem está ao seu redor, apesar do esforço por manter a
bonomia e a boa-disposição.
Genericamente, veem problemas em
todo o lado e se fazemos questão de os solucionar, desencantam um ainda mais
difícil para resolver… São pessoas que em vez de procurarem soluções, procuram
problemas. Obviamente, a identificação do problema é necessária para a sua
resolução, mas pessoas tóxicas focam-se na dificuldade e ali se mantêm como um
disco riscado fiel à agulha. E se alguém lhes aponta uma saída, fazem questão
de recuar três passos, não vá a pessoa ter descoberto mesmo a solução! São
pessoas indispostas e pouco flexíveis. Não cedem um palmo com receio de que tal
comportamento lhes traga um problema irresolúvel. Destilam o fel da
indisposição e parecem furiosas com o mundo! Nem o melhor dos otimistas se
atreva a tentar minimizar a situação, porque o enfadonho problemático vai
escarnecer da positividade e num passo de mágico arranjar, repentinamente, mais
duas ou três dificuldades sobre as quais ainda ninguém tinha pensado! E
aguarda, ufano da sua proeza, o resultado, olhando nos olhos de quem insiste em
resolver assuntos, como quem diz “ tens a mania, então, resolve lá mais este…”
Quase se lhes consegue sentir o sabor doce do triunfo se o desenrascado se
enrasca e não lhe surge logo ali, de supetão, uma resposta firme e à altura da situação.
Triunfante, continua a debitar lixo que intoxica até que o seu interlocutor não
é mais capaz de acompanhar os seus histerismos e sai derrotado, não pelas dificuldades,
mas por quem tem prazer em provar que a vida é mesmo difícil e que talvez mais valesse
não ter nascido!
Sempre desconfiados, acreditam que o
universo se uniu e conspira contra a sua pobre alma, que nada fez para merecer tal!
É mais fácil acreditar nisso do que enfrentar os seus medos e admitir que a sua
vida é fruto das suas escolhas, apesar de as circunstâncias também ditarem muita
coisa. Não é fácil escolher e decidir em condições adversas, porém, é algo que cada
um de nós tem de fazer por si, se possível sem condenar o outro por ações que são
da sua responsabilidade, com ou sem atenuantes.
Há gente verdadeiramente difícil!
Nina M.
Sem comentários:
Enviar um comentário