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sábado, 9 de março de 2019

Crónica de Maus Costumes 121


 Mulher, Criatura Divina

Recentemente, celebrou-se o dia da mulher. Não gosto particularmente desses dias definidos para celebrar o que quer que seja, por ficar com a sensação de que se é necessário celebrar é porque ainda é esquecido algo que não deveria ser.
Ninguém é mulher, namorada ou mãe apenas num dia particular ! É-o todos os dias e, como tal, merece ser lembrada por esse facto diariamente, para não correr o risco de ser reconhecida apenas uma vez no ano !
As estatísticas corroboram esta ideia. Infelizmente, as agressões diárias a mulheres continuam a existir. Por serem mais frágeis, sofrem os abusos em silêncio, por pavor e como se os merecessem ! Talvez devesse iniciar o texto, começando por dizer que nada, mas absolutamente nada, justifica tal cobardia. A violência é sempre, sob todas as suas formas, condenável. Ponto. Torna-se pior, quando uma das partes se impõe pela força física, que a sua condição masculina atribui. É execrável, hediondo e homenzinho sem escrúpulos todo aquele que o faz. Parece-me bem que se sente tão diminuído e inferior em tantos outros outros domínios, que lhe sobra apenas a bruteza como forma de mostrar uma suposta superioridade que não existe !
Irrita-me sobremaneira que em pleno século XXI ainda haja mortes sucessivas por violência doméstica e que a justiça seja tão branda com o agressor, penalizando duplamente a mulher. Mesmo quando esta tem a coragem de quebrar com o ciclo de violência, normalmente, é ela quem sai de casa, quem leva os filhos à socapa e se esconde, ficando longe da própria família para não ser descoberta. Como se a mulher fosse um objeto que vem com título de propriedade ! Nem mesmo o matrimónio confere registo de possessão ou usucapião ! A mulher é livre de permanecer se assim o entender e desejar, uma vez que é um ser humano com vontade própria. Para quem gostar de citações bíblicas, a mulher terá sido feita da costela do homem para caminhar ao seu lado e não da mão ou do pé, para que este nem a subjugasse nem a pisasse !
Irrito-me mais ainda com algumas mulheres que pela postura e crença assumidas acabam por subscrever a sua suposta inferioridade ! Sei que as mudanças culturais são lentas, mas é necessário quebrar este ciclo com urgência !
 Mulher pode e deve trabalhar fora de casa, se quiser ; pode ter filhos apenas se quiser e não porque é o seu papel ; pode ser mecânica ou engenheira ou pedreira ou cozinheira ou costureira, e até doméstica, se essa for a sua vontade, mas apenas porque é a sua vontade e não uma imposição familiar ou social!
Choca-me que mulheres instruídas sejam capazes de dar tiros nos próprios pés e ponham em causa valores pelos quais outras lutam desde sempre !
Li um artigo de opinião da Dra. Joana Bento Rodrigues, médica de profissão, mebro do TEM (Tendência Esperança em Movimento), em que se definia como « anti-feminista » por estas rejeitarem o potencial feminino, matrimonial e maternal, tecendo um conjunto de argumentos de que a mulher é por natureza « talhada » para a decoração e o gosto pela organização e arrumação, incluindo de si mesma (potencial feminino) ; para o matrimónio, gostando de ficar muitas vezes na sombra, abdicando de uma carreira, cuidando de tudo, para que o marido possa dedicar-se em exclusivo à profissão e ter sucesso profissional. Chegou mesmo a dizer que as mulheres não se importam de receber menos pelo mesmo trabalho efetuado por um homem ! Por fim, naturalmente, a mulher não abdica do seu papel de mãe. Ora, as feministas, segundo a Dra. Joana Rodrigues contrariam todos estes pressupostos e, portanto, rejeitam a sua condição de mulheres !
A perplexidade e a indignação tomaram conta das minhas entranhas, que por acaso já acolheram dois seres e os expeliram para o mundo, mas apenas porque tive vontade de ser mãe ! Efetivamente, quis esse papel. Escolha que fiz, Doutora Joana, e não imposição social ! E onde vai buscar o gosto pela organização e arrumação e blá, blá, blá ?!... Pois sou mulher, não sou feminista, mas feminina, e detesto arrumações ! A minha condição feminina não me trouxe com qualquer apelo especial pelas tarefas domésticas, especialmente, as que obrigam precisamente a arrumar ! Irra, que nervos ! Até suo sem as executar ! Saiba que as faço. Faço de tudo em casa, porque não gosto de viver num pardieiro ! Não por gostar especialmente desse trabalho ! E faço-o, porque é necessário e tenho um companheiro de vida que é habitante da mesma casa e não um hóspede e, como tal, também tem duas mãos, pelo que não ajuda, porque a sua função não é ajudar é também fazer ! É da sua responsabilidade manter a casa onde habita limpa e organizada ! Tanto quanto minha, porque ambos trabalhamos ! Já agora, também nunca abdicaria do meu trabalho para apenas tomar conta dos filhos ou da casa, porque seria castrador ! Quem decide o que me preenche, satisfaz e me motiva sou eu e não papéis sociais estereotipados ! E olhe que mesmo assim consigo arranjar tempo para os meus filhos, ir buscá-los à escola (maioritariamente o pai) e evitar que permaneçam mais do que o necessário nos depósitos de crianças em que as escolas e ATL’s se transformaram. Sabe outra coisa, Dra. Joana ? Os meus filhos são crianças felizes, apesar de a mãe trabalhar bastante !
Já agora, gostaria de saber por que motivo não abdica da sua carreira ?! Ou será que abdicou dos filhos ? E como médica, trabalhando o mesmo que um colega homem de profissão, não se importaria de ganhar menos ?!
Não consigo entender como uma mulher de hoje pode ter este discurso e acreditar nele !
O útero com que viemos ao mundo é uma bênção ! Todos os homens vieram ao mundo pelas entranhas de uma mulher. É fabuloso que o suposto sexo fraco seja aquele que é capaz de parir ! Como disse, o útero é uma bênção e amor infinito, não deve ser castração de ninguém nem das suas vontades ! Respeito !
Nina M.




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