Haja esperança !
- Mamã, quando é que a COVID vai embora? Vamos ter que andar
sempre de máscaras, a partir de agora?
- Não, filha. Há de passar, mas este ano será ainda muito
difícil e precisaremos das máscaras durante mais tempo.
- Mas quando é que vai acabar? Daqui a quatro anos?
- Não sei. Também gostaria de poder responder a isso… Não vai
durar tanto… Talvez mais este ano…
- Ah! Ufa! É que eu não quero viver assim desta maneira!
Este é o testemunho da minha pequena de nove anos que começa
a sentir falta de poder brincar à vontade com os primos, de poder visitar os
avós e de se lambuzar com a comidinha da avó feita em fogão a lenha…
Perante a possibilidade de se fechar tudo, a impossibilidade
de sair para onde quer que seja, a escola física é ainda o que confere a ideia
de alguma normalidade nas nossas vidas. Prefiro continuar por lá. Leio
comentários de colegas, nas redes sociais, que estão assustadíssimos. Alguns
são doentes de risco e esses, sim, deveriam poder estar em casa sem perdas
salariais, mas em relação aos restantes, grupo no qual me incluo, não vejo
motivos para tal… A escola pode, eventualmente, potenciar os contágios, mas não
é ela a sua principal fonte. Pelo que vou observando, a verdade é que os surtos
de COVID em meio escolar tiveram a sua origem nas famílias ou locais de
trabalho dos pais dos alunos. Gostaria mesmo que houvesse um estudo com o
número de professores infetados desde o início das aulas, para se perceber a
sua origem. Talvez desta forma as pessoas pudessem ficar mais tranquilas! O
certo é que desejo o ensino presencial, pelo menos enquanto não sentir que a
modalidade à distância seria mais vantajosa para a população. O confinamento
que tivemos, perante uma situação pandémica inusitada e que ninguém sabia bem
como controlar, por desconhecimento, justificou-o e o país respondeu bem. No
entanto, neste momento, não me parece que seja justificável. Naturalmente,
teremos de conseguir achatar a curva para não sobrecarregar os serviços de
saúde, mas esse é um esforço que terá de ser de todos os cidadãos. A pandemia
continua por cá e este aumento de casos deve-se ao desconfinamento natalício e
celebrações do novo ano. É importante que as pessoas se mentalizem de que não
podem descurar os cuidados durante o ano de 2021.
Quando uma criança já se lamenta e maldiz a COVID, porque não
a “deixa fazer nada”, a escola é a última sensação de liberdade que lhe sobra.
Também o é para mim. Não saio para qualquer outro lugar que não seja a escola
ou compras, por isso, o trabalho presencial minimiza a visão agónica que a falta
de movimentos comporta. Salvam-me as corridinhas que vou fazendo para tentar manter
o equilíbrio.
Espero que as vacinas sejam
disponibilizadas rapidamente, na maior quantidade possível. Espero que no final
de 2021 possa abraçar e beijar aqueles de quem gosto sem constrangimentos. Gosto
tanto de abraçar as pessoas de quem gosto! Não por elas. Por mim. Sentir o concreto
calor da amizade. As mãos que afagam a alma num abraço apertado e silencioso, mas
que diz: “gosto de ti!”
Nina M.
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