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sábado, 9 de janeiro de 2021

Crónica de Maus Costumes 214

 

Haja esperança !

- Mamã, quando é que a COVID vai embora? Vamos ter que andar sempre de máscaras, a partir de agora?

- Não, filha. Há de passar, mas este ano será ainda muito difícil e precisaremos das máscaras durante mais tempo.

- Mas quando é que vai acabar? Daqui a quatro anos?

- Não sei. Também gostaria de poder responder a isso… Não vai durar tanto… Talvez mais este ano…

- Ah! Ufa! É que eu não quero viver assim desta maneira!

Este é o testemunho da minha pequena de nove anos que começa a sentir falta de poder brincar à vontade com os primos, de poder visitar os avós e de se lambuzar com a comidinha da avó feita em fogão a lenha…

Perante a possibilidade de se fechar tudo, a impossibilidade de sair para onde quer que seja, a escola física é ainda o que confere a ideia de alguma normalidade nas nossas vidas. Prefiro continuar por lá. Leio comentários de colegas, nas redes sociais, que estão assustadíssimos. Alguns são doentes de risco e esses, sim, deveriam poder estar em casa sem perdas salariais, mas em relação aos restantes, grupo no qual me incluo, não vejo motivos para tal… A escola pode, eventualmente, potenciar os contágios, mas não é ela a sua principal fonte. Pelo que vou observando, a verdade é que os surtos de COVID em meio escolar tiveram a sua origem nas famílias ou locais de trabalho dos pais dos alunos. Gostaria mesmo que houvesse um estudo com o número de professores infetados desde o início das aulas, para se perceber a sua origem. Talvez desta forma as pessoas pudessem ficar mais tranquilas! O certo é que desejo o ensino presencial, pelo menos enquanto não sentir que a modalidade à distância seria mais vantajosa para a população. O confinamento que tivemos, perante uma situação pandémica inusitada e que ninguém sabia bem como controlar, por desconhecimento, justificou-o e o país respondeu bem. No entanto, neste momento, não me parece que seja justificável. Naturalmente, teremos de conseguir achatar a curva para não sobrecarregar os serviços de saúde, mas esse é um esforço que terá de ser de todos os cidadãos. A pandemia continua por cá e este aumento de casos deve-se ao desconfinamento natalício e celebrações do novo ano. É importante que as pessoas se mentalizem de que não podem descurar os cuidados durante o ano de 2021. 

Quando uma criança já se lamenta e maldiz a COVID, porque não a “deixa fazer nada”, a escola é a última sensação de liberdade que lhe sobra. Também o é para mim. Não saio para qualquer outro lugar que não seja a escola ou compras, por isso, o trabalho presencial minimiza a visão agónica que a falta de movimentos comporta. Salvam-me as corridinhas que vou fazendo para tentar manter o equilíbrio.

 Espero que as vacinas sejam disponibilizadas rapidamente, na maior quantidade possível. Espero que no final de 2021 possa abraçar e beijar aqueles de quem gosto sem constrangimentos. Gosto tanto de abraçar as pessoas de quem gosto! Não por elas. Por mim. Sentir o concreto calor da amizade. As mãos que afagam a alma num abraço apertado e silencioso, mas que diz: “gosto de ti!”

Nina M.

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