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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Confinamento

Novo silêncio 

Novo vazio

O eco despido das vozes

O reverso seco das almas

Ao longe, o horizonte nebuloso...

Por entre as nuvens

O raio tímido de sol...

A luz que traz a esperança possível

À largura da solidão dos dias...

Dias feitos de silêncios noturnos

De ausências forçadas que queríamos

Presentes

Olhares ausentes que se adivinham

No interior dos seres

A monocórdica voz da tecnologia

A fazer companhia à desgraça dos sós

A mão estranha, o único conforto amigo,

Na hora da partida, longe dos seus...

As angústias que se enxotam para longe

Como fazemos às moscas

Para não perecermos sob o peso da dor

O sufoco diário de quem salva vidas

O egoísmo dos que não as veem partir

A indiferença aviltante dos dígitos sem rosto

O jogo permanente entre a vida e a morte

A ausência perene de muitos

No meio do caos 

Só a memória serve de consolo inglório

Faz emergir a voz distante

Traz o leve sorriso ao rosto

De quem vive na saudade

Do que na verdade não possui...

Falta o chão de muitos

O terreno pedregoso e concreto

A afirmar a existência das coisas

A ser harmonia no caos do mundo

A impossibilidade transformada realidade

Pela mão de um deus qualquer






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