Cai a noite sobre o silêncio
Desfere a escuridão húmida
De noite outonal
Fria inóspita e indesejada
Silêncio sobre os silêncios do ser
Deveria ser verão
Gosto mais dos silêncios quentes do verão
Sobre as risadas dos petizes na rua
Do céu estrelado e sem nuvens
Que se abre à esperança de mundos
Este inverno que se instala nos ossos
Leva-nos os gestos amorosos e pueris
Rouba-nos as almas amadas
Deixa o lastro imenso da sua ausência
Quero ver-te e abraçar-te
Afastar a solidão e a linha vermelha
Sempre o vermelho a interpor-se
A cor proibitiva e funesta
Sangue que brota das almas enxutas
Já sem palavras
Com tempo e sem poder de estar
De ser com os outros e de amá-los
De reinventar alegrias
Antes que a eternidade os leve
No seu azul celeste mas longínquo
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