Ainda me vês depois do silêncio?
Ainda irrompo os teus sonhos diletos
E te esventro a alma com violência?
Átomo em espera
Vida em suspenso
Aérea, leve e desalento
Conto de fadas gasto
Exausto e vencido
Do outro lado da vida
Poesia em chama
(A exigir verdade)
Vive em mim e devora
Monstro sagrado
De um templo polido a dor...
Ainda me sabes
Na exata escuridão das palavras?
Sem aurora ou futuro
Anúncio de morte prematuro?
E ainda me queres assim... Despojada...
Só de alma inteira
Mas perdida na estrada?
Se ainda me vês no silêncio
Na exata escuridão das palavras
No anúncio prematuro de morte
Na poeira dos caminhos...
No tudo que se despreza e do que se foge
Sabe que me encontras mais fundo
Do lado imaterial do mundo
Onde os pássaros não cantam
Onde o céu escurece
E as árvores secam
Bebe... Bebe do leito desse rio
De águas paradas em pousio
Para no esquecimento viver
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