Seguidores

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Ainda

Ainda me vês depois do silêncio?

Ainda irrompo os teus sonhos diletos

E te esventro a alma com violência?

Átomo em espera

Vida em suspenso

Aérea, leve e desalento 

Conto de fadas gasto

Exausto e vencido

Do outro lado da vida

Poesia em chama

(A exigir verdade)

Vive em mim e devora

Monstro sagrado

De um templo polido a dor...

Ainda me sabes 

Na exata escuridão das palavras?

Sem aurora ou futuro 

Anúncio de morte prematuro?

E ainda me queres assim... Despojada...

Só de alma inteira 

Mas perdida na estrada?

Se ainda me vês no silêncio 

Na exata escuridão das palavras

No anúncio prematuro de morte

Na poeira dos caminhos...

No tudo que se despreza e do que se foge 

Sabe que me encontras mais fundo

Do lado imaterial do mundo

Onde os pássaros não cantam

Onde o céu escurece

E as árvores secam 

Bebe... Bebe do leito desse rio

De águas paradas em pousio

Para no esquecimento viver






Sem comentários:

Enviar um comentário