Rescaldo
Uma semana após o ato eleitoral e o
mesmo ainda dá que falar, apesar de o resultado ser o que já se adivinhava!
Curiosamente, neste momento, nem se
discute se foi o Costa que realmente venceu ou o Rio que não soube ganhar…
Parece, então, que estes dois senhores não têm grandes novidades para oferecer
aos cidadãos. Bem analisada a situação, entre os dois maiores partidos do
centro, um mais virado à esquerda e o outro à direita, as diferenças nem são
assim tão assinaláveis! Às vezes interrogo-me sobre o motivo de tanto circo no
hemiciclo se quando a oposição passa a Governo é mais um pouco do mesmo! Ah! Já
sei… A laranja do Passos Coelho tornou-se demasiado liberal! Verdade, mas essa
também nunca foi a génese do partido. A sua verdadeira identidade foi criada e
reside no programa do tempo do falecido Dr. Francisco Sá-Carneiro, a quem dei
um beijo, num dos seus comícios (tinha uns meros cinco anos e toda vaidosa e
triunfal atirei em casa com uma certa admiração que tinha dado um beijo ao
senhor Carneiro, que era um homem e não um bicho!). Certo é que o momento me
ficou na memória. Estava ao colo da minha prima Alexandrina, jovem já espigadota,
que me atirou contra o candidato, a quem espetei um beijo na bochecha direita,
se a memória não me atraiçoa. Pouco mais tarde, lembro-me de ver o ar de
estupefação dos meus pais ao saberem da morte do político, num suposto acidente
de aviação. Quando questionei, a resposta terá sido: o Sr. Carneiro a quem
deste um beijinho morreu, porque o avião onde ia caiu. Foi a primeira vez que
tive contacto com o espírito português sebastianista e messiânico sem sequer
imaginar o que isso era.
O país ficou órfão, tal como há muitos
séculos, no rescaldo de Alcácer-Quibir. Sá-Carneiro era o novo D. Sebastião e,
tal como ele, não sobreviveu para conduzir o país ao Quinto Império tão
desejado por Padre António Vieira e por Fernando Pessoa!
De lá para cá, as desgraças
económicas e políticas sucedem-se: quatro bancarrotas, todas durante a
governação PS. Ninguém ensina economia a essa gente?!
Depois, vêm as
laranjas mecânicas arrumar a casa e arrumam tudo tão direitinho que espremem o
sumo todo! O povo farta-se do espancamento e já esquecido da desgraça económica
anterior renovam a confiança e a história vai-se repetindo, repetindo,
repetindo ad infinitum e já ninguém
tem paciência! Talvez por isso ninguém queira saber que o António Costa tenha
apenas conseguido mais uns meros 120 mil votos e o Rio tenha levado uma sova,
apesar de não considerar isso uma hecatombe. Por mim, se conseguissem reunir o
melhor dos dois partidos, sem fazerem da política um saco de gatos metidos ao
barulho, seria magnífico. Um novo partido com a junção do melhor dos dois mundos,
deixando de fora todos os incompetentes e oportunistas que ambos carregam e
talvez, talvez pudéssemos começar a almejar algo de novo.
Enquanto tal não acontece,
entretém-se a opinião pública com falsas notícias, enxovalhos e falta de
respeito para quem soube conquistar o eleitorado. Se querem contestar Joacine e
o Ventura (por este último não nutro a menor simpatia) façam-no com argumentos
válidos e ideias do que se pretende para o país, não com ataques diretos e
desprezíveis às pessoas. As ideias existem para serem debatidas, no entanto,
sempre com o respeito devido pelo indivíduo. Gozar com a gaguez de alguém não é
aceitável. Diminuir o outro por fatores externos à ideologia e disparatados é cobardia.
A representação destes partidos na Assembleia deveria fazer refletir os políticos
de tradição, tal como a elevadíssima abstenção! O afastamento cada vez maior entre
o cidadão comum e a política dá origem a fenómenos estranhos. Trump e Bolsonaro
não surgiram do acaso…
Já agora,
mete-me sempre muita confusão ver gente a encarniçar-se (e bem) contra o fascismo,
mas depois aceitarem placidamente o comunismo, que é capaz exatamente das
mesmas aberrações, como o provam os mais variados exemplos. O último e mais recente
é o Maduro, de quem tanto gosta o nosso BE e o Partido Comunista! Um povo submetido
à ideologia marxista é tão espezinhado e sofredor quanto o que é submetido ao fascismo.
Como ainda não se percebeu isto?! Como é possível os partidos não se demarcarem
destes figurões?!
Regimes
totalitários sejam eles de direita, sejam de esquerda, nunca mais!
Nina
M.
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