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sábado, 12 de outubro de 2019

Crónica de Maus Costumes 151


Rescaldo           

            Uma semana após o ato eleitoral e o mesmo ainda dá que falar, apesar de o resultado ser o que já se adivinhava!
            Curiosamente, neste momento, nem se discute se foi o Costa que realmente venceu ou o Rio que não soube ganhar… Parece, então, que estes dois senhores não têm grandes novidades para oferecer aos cidadãos. Bem analisada a situação, entre os dois maiores partidos do centro, um mais virado à esquerda e o outro à direita, as diferenças nem são assim tão assinaláveis! Às vezes interrogo-me sobre o motivo de tanto circo no hemiciclo se quando a oposição passa a Governo é mais um pouco do mesmo! Ah! Já sei… A laranja do Passos Coelho tornou-se demasiado liberal! Verdade, mas essa também nunca foi a génese do partido. A sua verdadeira identidade foi criada e reside no programa do tempo do falecido Dr. Francisco Sá-Carneiro, a quem dei um beijo, num dos seus comícios (tinha uns meros cinco anos e toda vaidosa e triunfal atirei em casa com uma certa admiração que tinha dado um beijo ao senhor Carneiro, que era um homem e não um bicho!). Certo é que o momento me ficou na memória. Estava ao colo da minha prima Alexandrina, jovem já espigadota, que me atirou contra o candidato, a quem espetei um beijo na bochecha direita, se a memória não me atraiçoa. Pouco mais tarde, lembro-me de ver o ar de estupefação dos meus pais ao saberem da morte do político, num suposto acidente de aviação. Quando questionei, a resposta terá sido: o Sr. Carneiro a quem deste um beijinho morreu, porque o avião onde ia caiu. Foi a primeira vez que tive contacto com o espírito português sebastianista e messiânico sem sequer imaginar o que isso era.
 O país ficou órfão, tal como há muitos séculos, no rescaldo de Alcácer-Quibir. Sá-Carneiro era o novo D. Sebastião e, tal como ele, não sobreviveu para conduzir o país ao Quinto Império tão desejado por Padre António Vieira e por Fernando Pessoa!
            De lá para cá, as desgraças económicas e políticas sucedem-se: quatro bancarrotas, todas durante a governação PS. Ninguém ensina economia a essa gente?!
Depois, vêm as laranjas mecânicas arrumar a casa e arrumam tudo tão direitinho que espremem o sumo todo! O povo farta-se do espancamento e já esquecido da desgraça económica anterior renovam a confiança e a história vai-se repetindo, repetindo, repetindo ad infinitum e já ninguém tem paciência! Talvez por isso ninguém queira saber que o António Costa tenha apenas conseguido mais uns meros 120 mil votos e o Rio tenha levado uma sova, apesar de não considerar isso uma hecatombe. Por mim, se conseguissem reunir o melhor dos dois partidos, sem fazerem da política um saco de gatos metidos ao barulho, seria magnífico. Um novo partido com a junção do melhor dos dois mundos, deixando de fora todos os incompetentes e oportunistas que ambos carregam e talvez, talvez pudéssemos começar a almejar algo de novo.
            Enquanto tal não acontece, entretém-se a opinião pública com falsas notícias, enxovalhos e falta de respeito para quem soube conquistar o eleitorado. Se querem contestar Joacine e o Ventura (por este último não nutro a menor simpatia) façam-no com argumentos válidos e ideias do que se pretende para o país, não com ataques diretos e desprezíveis às pessoas. As ideias existem para serem debatidas, no entanto, sempre com o respeito devido pelo indivíduo. Gozar com a gaguez de alguém não é aceitável. Diminuir o outro por fatores externos à ideologia e disparatados é cobardia. A representação destes partidos na Assembleia deveria fazer refletir os políticos de tradição, tal como a elevadíssima abstenção! O afastamento cada vez maior entre o cidadão comum e a política dá origem a fenómenos estranhos. Trump e Bolsonaro não surgiram do acaso…
Já agora, mete-me sempre muita confusão ver gente a encarniçar-se (e bem) contra o fascismo, mas depois aceitarem placidamente o comunismo, que é capaz exatamente das mesmas aberrações, como o provam os mais variados exemplos. O último e mais recente é o Maduro, de quem tanto gosta o nosso BE e o Partido Comunista! Um povo submetido à ideologia marxista é tão espezinhado e sofredor quanto o que é submetido ao fascismo. Como ainda não se percebeu isto?! Como é possível os partidos não se demarcarem destes figurões?!
Regimes totalitários sejam eles de direita, sejam de esquerda, nunca mais!
Nina M.

           


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