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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Caronte

Eis  o carrasco.
Chega Caronte à beira-rio
Atravessa o silêncio da noite
Pálido e frio
Observa sarcástico a rebelião
Dos que atrasam a partida
Não mostra pressa
Perde-se no sabor da tortura
Revolta sadia contra o tempo
Finitude injusta e prematura
Não é chegada a hora!
Nunca será a hora
Se a consciência não dorme ainda
Se o corpo balanceia no movimento...
Tirano, implacável, o tempo é surdo
Arrasta consigo as vozes que quer calar
Dor, angústia e solidão
Murmúrio, séquito de quem sobeja
Silêncio absoluto sepulcral
Cala a alma dorida, amarrotada da viagem
Mortalha do ser efémero
A vida... Essa foi agora
O depois... O que a morte quis

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