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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Recuso render-me ao cinismo

Recuso render-me ao cinismo
E deixar de verter lágrimas
Antes formo com elas um mar
De desconfortos, tristezas e iniquidades
Sargaços de minha alma!
A dor da perda que não é só minha
Mas de toda a humanidade
Perpasse corações empedernidos
Desertos de amor, opróbrio do ser...
Não quero render-me ao cinismo
Mesmo se as imagens da fronteira
Exigem esquecimento em nome da sanidade
Mesmo se os rios Bravo deste mundo
Cuspirem, tenazes,de suas águas turvas
Óscares e pequenas Valérias
O seu leito não derrame jamais
Nem misérias nem desesperos...
O meu coração! Ah! O meu coração...
Não caiba no peito e estale de dor
Ao ver despojos humanos
Meros resíduos de uma existência incompleta
Lodaçal torpe e fétido
Mas não me renderei ao cinismo
Nem ao silêncio que fere e mata!
Não me renderei à podridão humana!
Descansarei no meu leito poético
Nas metáforas belas, minhas amantes...
Acordarei sadia e alegre
E não me renderei...



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