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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Viagem

Quando a inquietude chega
E sabe fazer-se esperar
É o vazio velho amigo
A querer fazer-se notar

Chega tão docemente
Chega tão devagarinho
Não é áspero nem dolente 
Apenas chega de mansinho

Uma melancolia incerta
Para a qual há um só remédio 
Era uma praia deserta
E um mar para eremitério

Ver raiar o sol dourado
Nesse meu mar de azul
Onde se espelha o céu 
Segue em direção ao sul

Só de o evocar 
O mar numa tarde calma
Sossega a minha angústia 
Tranquiliza a minha alma

Nele quero mergulhar
Nas águas tépidas de que é feito
Sentir o seu embalar
Aqui dentro do meu peito

Nessa canastra singela
Que a tecedeira embala
Embarca na barca bela
A alma que em silêncio fala

E viaja, viaja... Por outros
Mundos mais além
Sabe ser filha do sonho
Sempre desfeito e aquém 

Nesta vida imperfeita
Salva pela imaginação 
Há uma essência rarefeita 
Que viaja em contra-mão 



 




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