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domingo, 17 de dezembro de 2023

Crónica de Maus Costumes 352

 Natal

O Natal é a minha festa preferida. Gosto do espírito e do advento. A espera é importante para que se valorize o que se anseia. Anseia-se a chegada do Redentor, na figura do Deus-Menino, mas é preciso preparar a alma durante quatro semanas para que aconteça com magia. O amor é mágico e tudo o que é especial faz-se demora para que todos os instantes sejam apreciados. 

Nesta época, é impossível não me lembrar do conto de Sophia: "O Cavaleiro da Dinamarca" para quem a noite de Natal era a festa mais importante do ano, cheia de preparativos e de boa comida. Tal como para nós. O bacalhau substitui a carne assada e o vinho, a cerveja quente com mel, mas há igualmente as conversas à lareira, enquanto o lume crepita.

Até lá, devagarinho, o espírito natalício vai-se instalando. Apreciam-se as luzes multicolores que enfeitam as cidades, pensa-se nos presentes para oferta. Os mais pequenos são os que rejubilam com os prendas. Para os mais velhos, o melhor presente é feito de companhia e de histórias partilhadas. 

O Natal sabe a noites gélidas aquecidas pelo calor humano. Se lá fora há gelo, dentro das casas, há risos e alegria. O Natal sabe a tronchuda cozida com batata e bacalhau, a vinho tinto encorpado, a polvo e, para outros, peru. O Natal sabe, essencialmente, a harmonia e a tréguas. Porém, lá longe, há quem não possa ter batatas nem bacalhau e nem sequer harmonia. A guerra ocupa todo o espaço e a vida é substituída pela morte... Para os que não podem ouvir ou contar as histórias à lareira, o Natal é uma miragem, um possível distante, mas nunca esqueçamos quem o procura e nunca o encontra.


Nina M.

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