Quem desce ao inferno vai só.
Permanece só
E se o abandonar, regressa só.
É solidão que mata pela ausência
Do ser amado.
Nenhuma mão pode travar
A queda vertiginosa
Paradoxalmente desejada
Porque no lodo do fundo da alma,
Na mais profunda dor,
Se encontra a verdade,
A desolação destruidora, amante do cinismo.
Um absurdo sem retorno ou redenção
Uma alma cega, surda e muda,
Uma alma morta e desfeita
Partida em ínfimos pedaços
De impossível reparação.
O inferno é isto.
Se dele se regressa,
É-se ténue lembrança de quem se foi,
De carcaça rija a amparar indiferente
Os golpes e as dores da existência...
Porque a dor maior ficou lá caída,
Último grito de resistência.
Porque o inferno é isto...
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