O mundo está mais seco!
Já ninguém escreve cartas
De amor...
Só sms lacónicos e feios
Como se de estenografia se tratasse.
Mas as emoções são redondas.
Plenas. Ufanamente espaçosas
E gostam de ocupar as suas linhas...
No mundo cruel e cínico
A doçura perdeu o seu lugar.
O poeta canta a amargura e o pesar...
Ninguém mais escreve
Cartas de amor...
Guardam-nas desatualizadas
Amarelecidas e com sabor a bafio.
O prazer de abrir o envelope...
O coração desabrido...
Em ânsia de poesia suave
Não existe mais...
O algodão doce enjoa os adultos.
Mas que sabem eles de amor
E das cartas não escritas?
De palavras perdidas por registar?
Que sabem eles do cheiro a tinta no papel?
Da letra desenhada a beijar a alma?
Das cartas amarelas pelo desprezo do tempo
Esquecidas no fundo da gaveta?
Ou talvez cartas nunca escritas e nunca recebidas...
Que sabem eles?
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