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sábado, 25 de setembro de 2021

Outono

 Amanheço e é outono

Lugar de folhas castanhas

Desperta a alma do seu sono

Procura ver-se nas entranhas


Cores quentes outonais

Sob o pálido céu azul

Caem das nuvens vendavais

Vai-se a alegria com o vento do sul


O sol já não brilha como outrora

Chega a pequena brisa que fustiga

Torna-se mais opaco pela aurora

E a sua ausência castiga


Prenúncio do fim do dia

Mesmo se este vai a meio

Instalou-se a melancolia

Assim que o outono veio


Sem chilreios nem outras vozes

Só as bátegas nas vidraças

Bagas que escorrem velozes                         

A dar conta de desgraças


Fica sempre um vazio

No sensível coração

Com a partida do estio

Parece instalar-se a solidão


Estação mais triste, esta

Apesar das cores quentes

Sossego de fim de festa

Primeiro frio indecente


Não cansa um céu límpido

Nem o brilho de um sol quente

Desejo de um mar tépido

De uma alma sempre ardente


É outono. É velhice.

Nostalgia sem idade

Inverno precoce e cúmplice

Da nossa efemeridade.







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