Não sei se é inquietude
Angústia ou alma transbordante
Se alegria de um instante
Sei da folha fria e vazia
Templo sagrado de palavras
A censura não cabe neste altar
Seria grande a heresia
Traição à bela poesia
A escolha meticulosa de palavras
Para o nada ou o tudo escamotear
Escreve-se como quem canta
Num rasgar de alma aberta
Em timbre alegre ou melancólico
A soltar uma voz que aperta
Escreve-se como quem narra
Histórias de mil ficções
Sem importar se é a verdade
Que veste as emoções
Tudo o que sai do pensamento
Seja verdade ou ilusão
É autenticamente pintado
Não se verga à contenção
Os que leem poesia
Como almanaque agrícola
Condenam-se à fantasia
À triste figura ridícula
De não beber as metáforas
Da fonte de Hipocrene
De não saber que as palavras
Escondem ou desvelam
O seu sentido perene
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