Errando pelos becos íngremes,
Sinuosos, sob a luz dourada
Que ilumina o espelho de água
Aprende-se lentamente
a escadaria da Verdade
De onde se vislumbra a ponte férrea
E a Muralha Fernandina...
Elevam-se sobre o casario
Branco, amarelo, vermelho
Cores outonais estendem-se até ao rio e
Sente-se o pulsar genuíno da cidade
Escondem-se os putos da Ribeira
Em sadia brincadeira
Urinam sem prurido do promontório
Em tronco nu, galhofeiros,
Atiram gritos alegres aos comparsas
E os turistas que atravessam as vielas
Sorriem aos petizes tagarelas...
Lá em baixo, o rio e a luz irmanados
Aos pés do casario recuperado
Aguardam as piruetas corajosas
Dos que se atiram da ponte
Mergulham sem medo
Olhando a foz defronte
Respiram viço e alegria
Levados pela correnteza e fantasia
Assomam desgrenhados ao cais
Os barcos atracados à espera dos demais
Longas esplanadas, risos, canções e ar
Música para os transeuntes embalar
Imensidão de céu azul desempoeirado
Ao lado, a recordação do Infante
A aspirar a descoberta de mundo
Este é o Porto profundo
Belo e estreito como um abraço
Mas há o da Foz e de mar
Onde as gentes aos magotes
Passeiam burguesas os filhotes
E respiram a frescura da nortada
Junto à avenida comprida e larga
Porto...
Os Clérigos e São Bento
A igreja de S. Francisco
A Lello e as Galerias de Paris
Todo ele culmina na Sé
E é lá onde, ao fundo, o rio se diz!
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