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domingo, 25 de outubro de 2020

Pedro e Inês

Tu, só tu, puro amor, com força crua

Te banhas nas lágrimas dos amantes
Recolhes do pranto, da dor que é sua
O engano de não serem distantes
Ledos, anseiam uma fusão pura
Quedam-se bem próximos nunca errantes
Apenas ilusões que pouco duram
Mas salvam os corações que as maturam

As lembranças que na alma lhes moravam,
Longamente passeadas na ausência
Mais firmemente do amor lhes mostravam
O que dele sobeja de carência
Tanta falta, tanta falha guardavam
Tudo suportavam com paciência
Era enorme o amor feito de saudade
Curva-se o ser perante essa verdade

O nome que no peito escrito tinhas
A ferro e a fogo na alma foi bordado
Quiseste ensiná-lo só às ervinhas
Já com o temor de vê-lo roubado
Ignorastes bem as vozes mesquinhas
Todos segredavam ao vosso lado
Indif'rentes ao desmando soez
Vivestes um dia de cada vez

Foi triste a sina dos puros amantes
Que tudo, enfim, tu, puro amor desprezas,
Julgas só as dores edificantes
E alheio às suas vozes e rezas
Quiseste ambos exilados, distantes:
Um no céu, um na terra d'estranhezas
Porquanto o amor feliz não faz a lenda
O amor contrariado há quem o venda!




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