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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Será

Será?
Se o amor não puder ser
Amor-ser, amor-devir
será amor pela metade
Folha velha por cair?
Outono de uma vida 
Desmedida no apego
À saudade trazida?

Será
Falha na transcendência
Prisão do espírito
Agarrado às fundações
Perdido do infinito?
Não vislumbra emoções
Sobrará coração e ser
Por não se querer perder?

Será
O cinismo da vida
No seu habitual trajeto
Combate-o a alma toda
Rejeita tal projeto
Sofre penas em vão
Só para morrer de pé
Seu sentir não é vilão

Será
Dialética imperfeita
Vencida pela razão
Segue sem destino algum
Porque manda o coração
Por grandeza e elevação
Acomoda-se sensato
Derrotado é compaixão

Mas no fundo de uma alma
Flameja chama ardente
Não se extingue nem desarma
Condição incandescente
No furor de tanto ser
Corpo e alma excedente
Só vontade de viver

Sorver tudo de um só trago
Abarcar o infinito
prender a heresia
Amarrar a maresia
que lhe alaga todo o peito
E num clamor aflito
Pôr o mundo a seu jeito.



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