Abraço de um pessimista
Sabei do grito que traz calado
Inaudível mas exato
Onde se alberga revolta
Não se varra a podridão funesta
Sinta-se o seu cheiro fétido
Tome-se-lhe o pulso e a repugnância
Franza-se o cenho
Saiba-se a contração estomacal
Embrulhada nos dejetos de uma humanidade desfeita
Vendida
Vilipendiada
Corrupta
Fere, tortura, escraviza e mata
Infâmia torpe
Cumpra-se o preceito da hipocrisia
Viremos o rosto e assobiemos para o lado
De mãos nos bolsos
De consciências lavadas com águas turvas
Saibamos esquecer o horror
Finjamos o esquecimento
E sintamos a paz podre
Com a exploração alheia
E a alienação coletiva
Porque, amanhã, afinal
O Homem será o mesmo
E o cinismo terá vencido
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