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sábado, 9 de novembro de 2024

Porvir

Será que ainda me verás no futuro?

Mesmo velha e um pouco engelhada

Ainda procurarás o encantamento

No meu olhar?...

Mais pardo quem sabe...

Menos esperançoso no brilho...

Será que ainda nos reconheceremos assim

Imperfeitos e tão perfeitos para o outro

Ainda nos veremos os mesmos

Ou seremos estranhos enfiados

Num corpo usado e gasto e velho...

Ainda me contarás histórias 

E dirás: "sempre gostas de histórias"...

Ou me pedirás ainda restos de escrita por ler...

Seremos ainda amantes na confidência 

De um ombro dado depois do amor

E restará ainda o olhar aceso que

Poisa sobre o fulvo amanhecer outonal

Ou sobre o rosáceo céu a despedir-se do sol...

Vejo sempre a partida

Como um ocaso que se tarda de tão belo

[E as minhas mãos vazias do que não tive]

Um desejo de repouso como quem cansa da vida 

e se despede com atrevida elegância

Uma figura ao longe que se afasta devagarinho... 

sem dor nem espanto...

Como quem entra naturalmente em casa

Como quem pisa um paraíso qualquer 

 

 






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