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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Estranhamente

Estranhamente
Não tenho nada para te dizer
Tudo o que dissesse poderia
Ser usado contra mim
E no silêncio é contra mim que ando
Com o esqueleto ao contrário
E o vento a assobiar-me nas costelas

Há silêncios pesados como tumbas
Irrespiráveis
Como se perante a morte
Acabasse o direito à vida
Como se o adiar da eternidade
Resultasse em escárnio
Dos que a avistam e recusam

Na tragédia sobra o silêncio
O pântano do que ainda há
Mas tão indizível que se faz vazio
E tu... Preso no lodaçal... À espera
A lenta agonia do caminho da esperança
A vida oscila entre os destroços
E as  colinas do que construímos

Frágil, inútil, um cão danado...

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