Encontros e fugas
Três amigas
que gostam de literatura e que souberem que o professor Carlos Reis iria estar
em Famalicão para uma conferência sobre Camilo e Eça decidiram assistir,
pois não é sempre que se tem a oportunidade de ouvir tão ilustre convidado.
O serão
prometia ser auspicioso, apesar do desdém dos “aborrescentes”, que reviram os
olhos e encolhem os ombros quando sabem da atividade planeada. “A sério que
vais a uma aula?! Ó mãe! Tu não és muito normal!…
Pois muito
bem… Conforme o combinado, encontramo-nos e fomos ter ao destino, com a ajuda
do GPS, de maneira a estar lá um pouco antes das 21h30, hora prevista para dar
início à comunicação. Seria suposto encaminharmo-nos para a Sala da Cultura Crédito
Agrícola Mútuo. Era a única informação que possuíamos. Certo é que chegamos a
uma dependência do banco, mas estava tudo apagado, vazio, e não havia aspeto de
qualquer evento cultural ou outro nas imediações… Bem, certamente, não estamos
no sítio certo… Vejo um senhor com uma certa idade a aproximar-se para entrar
no café defronte. Dirijo-me a ele, em passo acelerado e pergunto-lhe se me
sabia dizer onde ficava a sala da cultura onde seria realizada a conferência do
professor Carlos Reis. Desconhecia, mas sugeriu que o seguisse até ao café para
perguntar ao senhor Machado, que era dali e, certamente, saberia… Assim fiz.
Esse nome também lhe soou estranho e acabaram por sugerir que talvez fosse a Casa
das Artes, o único espaço dedicado a essas atividades culturais…
Não era o que a informação nos dizia,
mas sem a morada, só nos restava ir verificar à Casa das Artes e lá, quem sabe,
saberiam dizer-nos alguma coisa. Entrámos, perguntámos… Não era ali e também não
sabiam da existência de tal espaço, acrescentando que há pouco um casal havia
perguntado o mesmo, mas que pesquisaram na Internet… Pois claro, isso já nós
tínhamos feito também… Para não desperdiçar a viagem, voltámos a inserir os
dados no GPS e… Calcorreamos Famalicão. Andámos de Herodes para Pilatos um bom
pedaço. Acabamos por tropeçar noutro senhor a quem perguntámos pelo destinos
pretendido e que teve a amabilidade de nos levar até lá. Efetivamente, um
edifício bonito, imponente, iluminado, com gente lá dentro e a porta fechada.
Quais alunos que chegam atrasadíssimos a uma aula e já não têm a coragem de
entrar! Lá ficamos uns segundos a olhar para o cartaz com a cara do professor a
censurar-nos o atraso. Já passavam quarenta e cinco minutos da hora. A Lurdes
Martins, sempre expedita, ainda antes de nos dirigirmos à casa das Artes, tentou
ligar por Messenger ao professor que, obviamente, não atendeu.
Não restou
alternativa… Viemos para casa desconsoladas, com o amargo da desilusão. Mais
uma vez, a Lurdes envia uma mensagem ao professor a pedir desculpa pelo telefonema,
relatando que tinha andado perdida por Famalicão, com outras duas doidas, que
fizeram vários trajetos até encontrar uma alma gentil que as conduzira ao local
certo, mas que a porta já estava fechada e já passavam quarenta e cinco minutos
da hora, pelo que tinha sido uma desilusão. Logo de seguida, obteve a resposta
do douto professor a consolá-la do desfecho: valia a intenção, também ele e o
organizador que o convidou se viram aflitos para dar com o local, que também
desconheciam!
Para nos
vingarmos deste desfecho, hoje, foi dia de Luís Osório, em Ermesinde. Orientámos
a rota e apesar de eu e a Lurdes já termos assistido ao seu Ficheiros Secretos,
voltámos, porque o espetáculo nunca é exatamente igual, mas a qualidade é
sempre a mesma. Algumas histórias repetem-se, mas é sempre bom recordar e ainda
tivemos a oportunidade de aplaudir a Aurora Cunha e a Rosa Mota, também
presentes.
Para a próxima,
temos de arranjar forma de trazer o professor Carlos Reis a Paços de Ferreira, a
lugar escorreito e de fácil acesso, ele, que durante um certo intervalo de
tempo, foi o homem mais procurado em Famalicão, mas que não se deixou encontrar!
Nina M.
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