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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Ricardo Reis Revisitado

Aceitemos, Lídia, a decisão das parcas
Do cansado Apolo o ocaso inadiável
Nas mãos tomemos, marcendas,
De Adónis as rosas do belo jardim

Fitemos enlaçados e serenos o sol
Dormente do fim do dia a pousar
Sobre os outeiros erguidos ao Olimpo
Não lamentemos as derrotas e as falhas

De que servem as vitórias
No final de um dia já passado?
Não nos perturbem as honras
Contemplemos o sol que se deita

Serenamente saibamos esperar
O momento de entrega do óbolo
Façamos naturalmente a travessia
Do rio que para o seu destino corre

Saboreemos a brevidade da vida
Bebamos o último cálice à sombra
Refugiados do Estio agressor
Calmamente, a olhar o sol, passemos



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