Trago na mão direita a angústia
Na esquerda (quem sabe de Deus?) a alegria
Que me vem não sei de que fonte obscura
E me contagia
Faz o justo equilíbrio da agonia
E o maravilhamento da existência desabrocha
Ofendido só com a breve duração
De quem queria o paraíso eterno nesta dimensão
Eis que Deus omnipotente, omnipresente e perfeição
Terá feito o Homem à sua semelhança
Esqueceu-se de lhe colocar no alforge
As qualidades para a sua redenção
Atira-o ao mundo com o seu livre arbítrio
Numa hora curta e desesperada
Obriga-o a fazer a caminhada.
E o esforço presente na boa conduta
Soa, por vezes, a traição
Porque o Homem sente
Não chegar à perfeição.
Ah! Vil morte e vil tristeza!
Quem te promete a vida eterna
Depois da aspereza e da esperança pueril?
Perante o destino trágico do Homem
A alegria surge como insolência infantil
Num desafio claro à regra, mas subtil.
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